Não são poucos os mercados que já foram invadidos pelos drones, os aviões não tripulados. Eles detectam e destroem alvos militares, vigiam fronteiras, filmam eventos, entregam produtos. Em cinco anos, o mercado global de drones passou de um faturamento de 5 bilhões para 14 bilhões de dólares.
Até aqui, as empresas mais bem-sucedidas são multinacionais com capacidade de investimento e grandes áreas de inovação. A fabricante de eletrônicos japonesa Sony anunciou um negócio de drones para vigilância. A varejista Amazon testa usar os aviõezinhos para entregas rápidas. A fabricante de processadores Qualcomm testa drones para transportar peças dentro das fábricas.
Mas há um mercado que está nas mãos dos pequenos fabricantes: a agricultura. Nos Estados Unidos, na França ou em Israel, quem está à frente da indústria de drones para o monitoramento das lavouras são empresas com poucos anos de vida e uma dúzia de funcionários. Isso acontece porque a geografia, o clima e o sistema de plantio do país são decisivos no tipo de tecnologia empregada.
Além disso, as grandes empresas preferem se dedicar a mercados mais consolidados, como o militar. Sobra, portanto, um enorme terreno para novatas como a americana Agribotix, a suíça senseFly, a francesa Airinov. Ou a brasileira XMobots.
Com sede em São Carlos, no interior de São Paulo, a XMobots faturou 6 milhões de reais no ano passado fabricando e vendendo drones com uma das maiores autonomias de voo do mundo — fundamentais para monitorar fazendas enormes, como as encontradas no Brasil.
Eles são equipados com oito softwares que executam serviços como monitorar lavouras, analisar relevo de fazendas, vigiar desmatamento, contar rebanhos bovinos. Para encontrar pragas na lavoura de soja, por exemplo, a empresa desenvolveu um sistema que utiliza infravermelho para identificar plantas doentes (veja quadro ao lado) e acelera o extermínio das pragas.
“A XMobots está em pé de igualdade com as melhores startups americanas. O desafio é criar um modelo de negócios e se espalhar pelo país o mais rápido possível”, diz o guru americano de tecnologia Chris Anderson, fundador da 3D Robotics, uma das maiores fabricantes de drones dos Estados Unidos.
A XMobots tem apenas 30 funcionários. Foi criada na virada do século pelo engenheiro Giovanni Amianti, quando falar em drone era coisa de nerd. Em 2010, foi aceita na Cietec, aceleradora de negócios da Universidade de São Paulo. Dois anos depois, mudou-se para São Carlos, vizinha de duas tradicionais escolas de aviação.
Atualmente, a XMobots vende três modelos de drone que custam de 170 000 a 450 000 reais. Entre seus clientes estão gigantes do agronegócio, como a Raízen, e também empresas de outros setores, que adaptam os equipamentos da XMobots às suas necessidades, como a geradora de energia AES Tietê e a fabricante de aviões Embraer.
Amianti planeja dobrar de tamanho neste ano e chegar a 12 milhões de reais de faturamento. Em 2016, pretende atrair um investidor. Um novo sócio o ajudaria a se proteger contra uma concorrência crescente. A AGX, conterrânea de São Carlos, foi comprada em 2013 pela Transpreserv, empresa mineira especializada em topografia de áreas rurais e que fatura 450 milhões de reais.
A suíça senseFly estreou no Brasil no ano passado vendendo drones para a empresa de celulose Eldorado. A seu favor, além de produtos sob medida para o país, a XMobots tem uma assistência técnica mais próxima. Deu certo até aqui. Será o suficiente para manter o ritmo de voo da XMobots?
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