A Polícia Civil investiga 24 madeireiras da região Norte do Estado, em esquema montado para comercialização ilegal de madeira, com uso de créditos e guias florestais falsas, para “esquentar” carregamentos que saiam de Mato Grosso com destino a outros estados. O esquema estaria operando há quatro anos e teria inserido no mercado mais de 63 mil metros cúbicos de madeira ilegal, equivalente a mais de dois mil bitrens carregados.
Por meio do esquema, grileiros retiravam toras de forma clandestina – transportando durante a noite e aos finais de semana – e vendiam para as serrarias, que compravam as guias falsas de uma empresa de fachada para ‘legalizar’ as toras nos pátios. Com a suspensão das atividades das madeireiras, mais de 100 mil metros cúbicos de madeiras foram bloqueados. A metragem representa três mil carretas bitrem carregadas.
O funcionário de uma das empresas investigadas e três motoristas de caminhões carregados com madeiras clandestinas foram presos, na operação “Fornalha”, deflagrada na semana passada pela Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema) em conjunto com o núcleo de inteligência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
De acordo com a Dema, as empresas tiveram as atividades suspensas. Uma das madeireiras de “fachada” funcionava em uma residência, no município de Alta Floresta (823 km ao Nortede Cuiabá), onde, segundo as investigações, era mantido o núcleo do esquema.
No endereço da empresa fantasma também operava outra madeireira de fachada. “Nessas empresas os investigados realizaram um grande volume de movimentações fraudulentas de créditos florestais e também comercializavam guias”, disse o delegado da Dema, Gianmarco Paccola Capoani.
Um funcionário da empresa fantasma foi preso quando finalizava a impressão de três guias florestais, supostamente falsas, para esquentar carregamentos de madeira serrada, procedente do município de Nova Monte Verde (968 km ao Norte da capital) com destino a três municípios do Estado de São Paulo.
O funcionário foi autuado em flagrante por falsidade ideológica e uso de documento falso. No escritório também foram apreendidos documentos e R$ 10 mil dinheiro.
Na sexta-feira (14), equipes da Dema e do Ibama, com apoio da Polícia Rodoviária Federal, conseguiram interceptar três caminhões carregados com madeira, em trechos de Alta Floresta a Cuiabá. O primeiro caminhão foi apreendido na região de Rosário Oeste (128 km ao Norte). O segundo foi parado na região do Posto Gil, em Diamantino (208 km ao Médio-Norte) e o terceiro em Sorriso (420 km ao Norte).
O delegado Gianmarco Paccola disse que o esquema é muito grande e ainda não é possível dimensionar o tamanho. “As investigações demandam ainda uma série de diligencias e no momento não há previsão para seu encerramento”, destacou.
Conforme o delegado, equipes policiais e de fiscais ainda estão na região de Alta Floresta para checagem das empresas e vistorias dos pátios para confronto daquilo que está declarado no Sistema com o que tem de fato em seus depósitos. Os envolvidos no esquema poderão responder por associação criminosa, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e ambientais.
A informação é da Polícia Civil.
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