Dentro da Floresta Amazônica Brasileira, na Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema, foi inaugurada esta semana uma agroindústria sustentável. A empresa beneficiadora de polpa de açaí nativo é administrada pela própria comunidade, que envolve cerca de 40 famílias. O projeto é um sonho realizado que começou com a semente da Educação Profissional e Tecnológica.
No final do ano passado, 28 pessoas da Cazumbá receberam o certificado de Açaicultor pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego no Campo – Pronatec-Campo, ministrado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre – IFAC, atendendo pedido da comunidade através do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio – órgão do Ministério do Meio Ambiente gestor da Reserva Extrativista, com o apoio da delegacia do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA no Estado.
O curso de 200 horas teve duração de dois meses e meio e aconteceu aos finais de semana. Os professores se deslocavam da cidade de Sena Madureira para a Reserva de moto e carro atravessando os 40 quilômetros e uma dúzia de pontes dentro da mata, ou subiam o rio Caeté em voadeiras (barcos pequenos a motor) por uma hora e meia ou de batelão (barcos grandes) por 4 horas.
Em janeiro deste ano, a comunidade decidiu empreender o conhecimento com a ideia de uma agroindústria beneficiadora de polpa de açaí. O projeto foi organizado pelo presidente da Associação, senhor Aldeci Cerqueira Maia – conhecido como Seo Nenzinho – e pelo chefe do escritório do ICMBio de Sena Madureira, Tiago Juruá. O recurso de R$ 80 mil veio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (United States Agency for International Development- USAID) e num prazo recorde, a comunidade colocou a mão na massa e construiu o espaço da agroindústria com os padrões de uma empresa alimentícia, internamente todo azulejado com portas e janelas de inox, e ainda adquiriram filtro especial de água, três despolpadeiras, mesa de seleção, balanças de precisão, freezer, termômetros especiais e muito mais, como caixas próprias para o transporte das polpas congeladas para a cidade.
A agroindústria foi inaugurada nesta quarta-feira, 04 de agosto. O nome do novo empreendimento está sendo escolhido pela comunidade. A prospecção da capacidade de produção da polpa do açaí nativo foi estimada com base em estudo realizado em 2 hectares. A Resex tem ao todo 25 mil hectares de mata. As tarefas entre as aproximadamente 50 pessoas envolvidas no empreendimento também já estão distribuídas, há um grupo para a coleta, outro para a produção e outro para o transporte.
“Estou muito feliz porque comprovamos aqui que podemos transformar nossas vidas pelo estudo, em qualquer lugar que estivermos. Aqui, no meio da Floresta, recebemos cursos do Pronatec, graças a pessoas que acreditaram e ousaram vencer qualquer obstáculo que pudesse haver. O projeto de lidar com o açaí já constava no nosso PDC (Plano de Desenvolvimento Comunitário), mas com a capacitação nos habilitamos para realizar este sonho”, comentou seo Nenzinho.
Pronatec Bolsa-Verde: modelo para o Brasil
A oferta do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – PRONATEC na Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema serviu de bom exemplo para que neste ano de 2015 o Programa ganhasse uma nova modalidade de oferta exclusiva de curso.
Até o ano passado o Ministério do Meio Ambiente não era demandante do Programa. Sendo assim, o atendimento a comunidade Cazumbá-Iracema aconteceu tendo o ICMBio como parceiro, o MDA como demandante oficial e o IFAC como ofertante. Foram oito turmas capacitadas em 2014, sendo elas: agricultor orgânico (três comunidades), açaicultor, horticultor orgânico, operador de computador, agricultor familiar e agricultor agroflorestal. “Ficamos muito satisfeitos pelo resultado desta união e levamos isso para Brasília. Como resposta, este ano o MMA, através do ICMBio, é demandante direto do Programa”, contou o chefe da Unidade em Sena, Tiago Juruá.
O Pronatec Bolsa Verde passou então a ser uma nova modalidade de oferta, exclusiva para extrativistas que vivem em Unidades de Conservação. “Estamos indicando a disciplina de Legislação Ambiental nos Planos Pedagógicos dos cursos”, complementou o analista.
Para o coordenador Adjunto do Pronatec pelo IFAC no Vale do Purus, Cleudo Farias, o mais importante é o aprimoramento para que a formação em educação profissional de qualidade chegue in loco as comunidades da floresta e que também sirva de estímulo para sua continuidade, através de cursos técnicos e superiores que o Instituto Federal oferece em seus câmpus. “A realização de um curso é sempre uma troca para quem também se dispõe a ir e se integrar a comunidade. Felicidade mesmo não é entregar um certificado, é saber que o conhecimento será aplicado e eles agora são empreendedores de si mesmos”, finalizou.
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