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Parentes reconhecem corpos de desaparecidos em reserva indígena

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A Superintendência da Polícia Federal (PR) em Rondônia confirmou que os três corpos encontrados no interior da Terra Indígena Tenharim Marmelo, no sul do Amazonas, são do representante comercial Luciano Ferreira Freire, do professor Stef Pinheiro e do funcionário da Eletrobras Aldeney Ribeiro Salvador, desaparecidos no dia 16 de dezembro, quando trafegavam de automóvel pela Rodovia Transamazônica (BR-230), que corta a reserva indígena.


Os três corpos localizados na última segunda-feira (3) foram identificados ontem (4) à tarde por parentes de Freire, Pinheiro e de Salvador. Os restos mortais foram encontrados cinco dias após a prisão temporária de cinco índios da etnia Tenharim suspeitos de responsabilidade pelo desaparecimento dos três homens. Os policiais federais tiveram que recorrer à ajuda de mateiros do Exército e de cães farejadores para, em meio à Floresta Amazônica, chegarem à cova onde os corpos estavam enterrados lado a lado.


O reconhecimento dos corpos pelos parentes das vítimas foi feito no Instituto Médico-Legal (IML) de Porto Velho, onde foram colhidas mostras de material genético já enviadas a Brasília, onde peritos da PF farão exames comprobatórios complementares.

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Os laudos de necropsia apontando as causas das mortes de Freire, Pinheiro e Salvador devem ser concluídos e apresentados em até dez dias, mas, se necessário, o prazo pode ser prorrogado a pedido do perito responsável – o que o diretor do IML, Genival Queiroga, disse àAgência Brasil ser pouco provável que ocorra.


Segundo a assessoria da Superintendência da PF em Rondônia, os cinco índios suspeitos de envolvimento nas mortes estão presos em uma cela da Penitenciária de Médio Porte, conhecida como Pandinha, em Porto Velho, separados dos outros presos. Entre os índios detidos estão Gilson e Ivan Tenharim, filhos do cacique Ivan Tenharim, encontrado morto na Rodovia Transamazônica, em 3 de dezembro de 2013. As causas da morte de Ivan ainda não foram definitivamente esclarecidas, mas a suspeita mais forte, até entre os próprios índios e organizações indigenistas, é que ele tenha sofrido um acidente de moto.


Freire, Pinheiro e Salvador desapareceram poucos dias após a morte de Ivan, levando moradores não índios da região a suspeitar que o sumiço dos três fosse uma represália indígena. Outra hipótese levantada à época foi que os três poderiam ter se negado a pagar o pedágio que os índios cobram dos motoristas que trafegam pela reserva. Os três desaparecidos foram vistos pela última vez quando trafegavam pelo quilômetro 85 da Rodovia Transamazônica.


Com o acirramento dos ânimos, não índios atearam fogo no prédio da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Humaitá (AM), e em postos de cobrança de pedágio montados pelos tenharins. Nem a presença policial foi suficiente para evitar que os manifestantes destruíssem veículos e barcos públicos – violência que primeiro levou os índios a se manterem isolados nas aldeias e, depois, a se abrigarem no 54º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), em Humaitá. O grupo só retornou à aldeia após a Justiça determinar que a segurança fosse reforçada para garantir a integridade física dos índios.


Alegando que a construção da Rodovia Transamazônica provocou danos permanentes às comunidades indígenas cujos territórios são cortados ou estão sob área de influência da estrada, o Ministério Público Federal no Amazonas entrou com ação na Justiça Federal para responsabilizar a União e a Funai por violações de direitos humanos dos indígenas das etnias Tenharim e Jiahui. O MPF pede indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 20 milhões a serem integralmente aplicado em políticas a favor dos povos indígenas.


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