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Os “heróis” do G7

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*Nelson Liano Jr.


O Acre vive uma inversão de valores. E uma perigosa batalha entre as instituições responsáveis pela vida social do Estado. Tudo isso por conta da Operação da Polícia Federal, batizada de G7, que no dia 10 de maio prendeu 15 pessoas entre empresários, assessores e secretários de governo, acusados de desviarem dinheiro público de obras de infraestrutura.

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Nos dias que sucederam a Operação procurei como jornalista que atua na imprensa do Acre há 10 anos me manter observando os fatos decorrentes e consequentes à ação da Polícia Federal. Pensava que o furação que abateu-se na vida política e empresarial do Estado teria uma curta duração e tudo voltaria ao normal. Mas isso não aconteceu e quase dois meses depois o G7 continua ser o assunto principal dos veículos de comunicação acreanos.


Na minha opinião, a longa durabilidade dos fatos relacionados ao G7 se deu muito mais por conta da forte reação de alguns políticos ligados a Frente Popular (FPA) do que da própria ação da oposição que teoricamente seria a maior beneficiada pelo escândalo. Conversei com vários colegas de profissão e todos concordaram que a maioria das manchetes pós G7 vieram justamente do lado de quem deveria serenamente esperar a conclusão do inquérito policial e o posterior julgamento da Justiça.


Não sou jurista, mas entendo que se a diplomacia tivesse sido utilizada os 15 presos teriam sido soltos no mesmo dia em que a Polícia Federal concluiu o inquérito e o remeteu à Justiça. Mesmo porque não havia e não há nenhum condenado. Eles estavam presos, segundo a PF e a desembargadora Denise Bonfim que autorizou as detenções, para evitar a contaminação de provas. Portanto, os acusado teriam saído da Papudinha pelo menos uns 15 dias antes.


Entendo que quando se instaura um processo a culpa ou a inocência só são comprovadas depois de todo trâmite ritual da Justiça. Antes disso condenar ou inocentar são apenas ilações.  Mas o que se viu foram autoridades constituídas inocentando os indiciados e alguns políticos condenando antecipadamente. Nesse sentido, a ida do processo para o Superior Tribunal Federal aconteceu justamente por conta da batalha institucional e política que se travou no Acre. O que considero positivo para todos os envolvidos porque deverá haver um juízo descontaminado pelo clima de eleições antecipadas que criou-se por aqui.


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Presos políticos?


Vivi a minha infância e adolescência durante os anos da Ditadura no Brasil. Posteriormente na universidade militei politicamente e conheci presos políticos. Alguns se tornaram meus amigos como é o caso de Alex Polari, Gabeira, Gustavo Barbosa, Nelson Rodrigues Filho, entre tantos outros. Por isso considero um absurdo e um desrespeito para aqueles que lutaram contra a Ditadura e foram presos, torturados, exilados e perderam as suas vidas a comparação com os presos do G7. Gostaria que me explicassem melhor onde está o elemento ideológico nas prisões de empresários, assessores e secretários dessa Operação policial.


Quero afirmar que tive relações pessoais como jornalista com alguns dos presos e indiciados do G7. Mesmo porque o Acre é um Estado pequeno e todos se conhecem. Entendo e me solidarizo com o sofrimento das famílias em ver os seus entes queridos submetidos a situações vexatórias. Mas inocentá-los antecipadamente e coloca-los no status de presos políticos só complica as coisas. 


Por que não esperar o julgamento pela Justiça de cada um dos casos para manifestar-se? O pré-julgamento por alguns membros da FPA de que o G7 foi eminentemente político e que desfechou e antecipou o processo eleitoral de 2014 para a disputa do Governo do Acre foi um sério erro de avaliação. Pelo menos na minha opinião. Mesmo porque não sou o dono da verdade e estou escrevendo como um profissional de comunicação e um observador dos fatos.


Se o prudente silêncio e a diplomacia tivessem prevalecidos o G7 teria sido mais uma das nuvens negras que passam pelo céu e mudam de forma a cada momento. Agora, é esperar por novos acontecimentos. Não acredito que a Polícia Federal e alguns magistrados vão simplesmente se conformar em terem sido taxados de agentes a serviço de uma oposição que não consegue nem resolver os seus problemas internos quanto mais provocar e desfechar uma Operação dessa magnitude.


Também espero que os ânimos se abrandem de todos os lados e a diplomacia prevaleça na relação entre as instituições acreanas. Isso a bem da democracia, do respeito à inteligência dos cidadãos e cidadãs e da retomada do crescimento social e econômico do Estado. E para encerrar, acredito que quem vencerá a próxima eleição ao Governo do Acre será quem convencer os eleitores de que tem um projeto de gestão para melhorar a vida dos acreanos.   


*Nelson Liano Jr. é escritor e jornalista


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