Os 30 anos de atividades do Laboratório de Pesquisas Paleontológicas (LPP) da Universidade Federal do Acre (Ufac) começaram a ser comemorados nesta terça-feira, 16, com uma sessão solene da qual participaram, entre outras autoridades, o reitor Minoru Kinpara, o diretor do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CCBN), Carlos Garção, e o coordenador do LPP, Jonas Filho.
Após a cerimônia de abertura, que foi encerrada com uma exibição do grupo Jabuti Bumbá, os convidados dirigiram-se a uma sala de exposições, no pavilhão Francisca Corina de Azevedo Feitosa, para contemplar a nova estrela da coleção fóssil do LPP: um jabuti gigante, medindo, aproximadamente, 1,65 metro de comprimento, 90 centímetros de largura de carapaça e um metro de altura.
De acordo com os pesquisadores do LPP, o gigantesco animal, pertencente ao gênero Chelonoidis, viveu durante o período chamado “Mioceno Superior”, há cerca de oito milhões de anos. Seus fragmentos fósseis foram coletados em 1995, no Alto Rio Acre, em área do município de Assis Brasil. Dezessete anos depois da coleta, com o processo de montagem dos fragmentos, tem-se a reconstituição exposta agora, incrementada com elementos artificiais que representam as patas e a cabeça do jabuti.
“Possivelmente, esses jabutis gigantes, cujo habitat foi todo o território da América do Sul, tenham sido os ancestrais diretos dos animais da mesma espécie, também de grandes dimensões, mas não tanto, que hoje podem ser encontrados apenas nas Ilhas Galápagos”, explicou o professor Edson Guilherme, doutor em Zoologia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e membro da equipe do LPP.
Ainda segundo Guilherme, “esta descoberta é muito importante, porque nos ajuda a entender como era a vida na região amazônica no passado e mostra, de certa forma, que foram da América do Sul que saíram os primeiros jabutis gigantes que colonizaram as ilhas remotas do Oceano Pacífico”.
História da paleontologia no Acre
Os estudos paleontológicos na região acriana datam do século XIX. O ano de 1983, entretanto, marca formalmente o início das pesquisas paleontológicas realizadas pela Ufac, na gestão do reitor Áulio Gélio Alves de Souza. Na Resolução de criação, datada do dia 13 de maio, os objetivos da então nova unidade: apoio às atividades de ensino, pesquisa e extensão do Departamento de Ciências da Natureza (DCN).
Trinta anos depois, agora fazendo parte do complexo do Museu Universitário da Ufac, o LPP tem catalogado mais de cinco mil peças fósseis, coletadas nos mais variados sítios paleontológicos acrianos, como são os casos das localidades Patos, Cavalcante, Cachoeira do Bandeira, Niterói, Lula, Talismã, Morro do Careca, além das barrancas do rio Moa, na Serra do Divisor, e das margens do alto rio Juruá.
(Ascom/Ufac)