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Honey no País das Maravilhas

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Era uma vez, há muito tempo atrás, um jovem que passeava tranquilamente pelos bosques brasileiros, enfatizando certa preguiça e bocejos. Caminhava feliz, quando, de repente, avista um Coelho Vermelho de colete, carregando um relógio de bolso, dando prova de que era o dono do tempo. Ninguém, nem lei ou referendo, tomavam de sua mão as horas do dia.


A inusitada cena fez com que despertasse no rapaz a intenção de segui-lo. Após alguns poucos passos, por descuido, HONEY caiu no buraco da toca. Ficou surpreso em ver a profundidade, pois as paredes dessa enorme cratera eram cheia de objetos estranhos, como ética, honestidade, humildade e pureza.

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Após uma aterrisagem segura, HONEY viu uma pequena mesa de vidro maciço e, em cima dela, havia uma pequena chave dourada. À procura de fechaduras correspondentes, descobre, atrás de uma cortina, a pequena porta e, através desta, o novato vê maravilhado um lindo jardim político.


Infelizmente, o rapaz percebeu que a porta era muito pequena para ele conseguir entrar. Mas devido a uma pequena garrafa com uma etiqueta BEBA-ME, HONEY eliminou o que trouxera, despiu-se e diminuiu de tamanho ao bebê-la. Isso é importante na política: sempre apresentar-se menor, para que os menores possam encontrar nele um espelho.


Tamanha foi a ânsia de beber que nem lembrou da chave posta em cima da mesa e, por conta disso, agora não conseguia alcançá-la.  Imaginando seu fim, não teve tempo de se desesperar. O sortudo rapaz descobre um bolo com as palavras COMA-ME  escrito e, ao comê-lo, o tamanho de HONEY aumentou, tornando falsamente enorme.


Como resultado de comer o bolo, HONEY cresceu até atingir 13 metros de altura.  Ficou triste em saber que não podia entrar no jardim, pois essa grandeza não atendia a dimensão da fechadura. Chorou, chorou muito. Criou um grande lago de lágrimas.


Aflito com o acontecido, o coelho vermelho, propositalmente deixou cair um leque e uma máscara para que HONEY pudesse diminuir e tornar-se mais popular. Afinal de contas o coelho era o dono do espetáculo, do show e das apresentações circenses. Nada chegava à plateia que não passasse pelo seu carimbo, sua aprovação.


Menor, o jovem percebeu que poderia morrer no lago que suas próprias lágrimas criaram. Sorte que apareceram ratos e outros animais para ajudá-lo a atravessar aquele que seria seu verdadeiro fim. Estavam todos preocupados, queriam logo se secar, pois corpos encharcados poderiam sofrer com as eternas doenças desse jogo que assusta o próprio demônio.


De repente, um ser estranho, vindo das profundezas da mente, decide que todos devem ser secos através da Corrida Eleitoral, onde não existem regras, respeito, educação, sinceridade. A única regra existente é a que obriga a correr somente em círculos, ser sempre igual, repetir sempre as mesmas coisas.


 Meia hora depois, a corrida acaba e um embate surge no reino das maravilhas: todos ganham. Isso leva a concluírem que todos devem receber prémios e participarem do bolo, a fim de que não atrapalhasse o jantar. A festa foi geral. Agradecendo ao roedor, HONEY ainda teve que ouvir o Rato contar-lhe a sua história longa e triste acerca da origem do seu ódio por gatos e cães.


Necessitado de mostrar sempre seu poder, o Coelho Vermelho, maliciosamente, cria cenas que fazem com que o jovem varie novamente de tamanho. Devido a pouca idade, não percebia que aquele animal dominava-o, dando lhe forma de acordo com a egoísta necessidade dele.


Vendo a irritante metamorfose, uma lagarta azul chama HONEY e passa a lhe dar alguns conselhos, enquanto fuma calmamente ervas vindo do Norte.

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Na conversa com a lagarta azul, HONEY admite a sua crise de identidade causada pelas constantes transformações no tamanho e agravada pela perda da habilidade de recitar poemas. Sem se comover com a tola desculpa do jovem, a Lagarta aponta uma solução: revela-lhe que um dos lados do cogumelo ao lado faz crescer e a outra diminuir.


Já sozinho, o rapaz ousa: tenta primeiro o lado direito e diminui tanto de altura que até acerta com a cabeça nos próprios pés. Em seguida experimenta o lado esquerdo e cresce de tal forma que atinge a copa de uma árvore onde pousava um pombo da oposição que, assustado com o longo pescoço dela, está determinado e crente de que o moço é uma serpente que tem a intenção de comer os seus ovos. O pombo da oposição tinha ovos apodrecidos. Todos sabiam! Apenas ele mergulhava nessa escuridão, pois viveu a vida a sonhar com o amor dos mortos.


Para tentar convencê-lo de que é inofensivo e que deveriam voar juntos, HONEY come um segundo pedaço do cogumelo, retornando ao seu tamanho normal. Na ânsia de juntar cada vez mais gente a seu redor, esquece até que essas mudanças tinham lhe trazido crises, além da angústia de ainda não ter entrado no belo jardim.


Fenômenos estranhos ocorrem, deixando nosso herói em situação difícil. Vários diálogos e encontros acontecem entre ele e outros seres e coisas, tais como sapos, peixes, duquesa, sopa apimentada, porcos e até mesmo um gato que lhe convence que onde estavam era sempre preciso ser insanos e que ela deveria tomar o chá dos loucos para poder encontrar suas respostas.


HONEY não gostou dos convidados, nem dos enigmas que foram apresentados a ele. Não imaginava que política tinha de ser desse jeito e que a estupidez é a alma desse jogo. Preparava-se para chorar mais uma vez, porem encontra uma porta num tronco de uma árvore e entra, voltando novamente para o átrio inicial.


Desta vez, abre primeiro a pequena porta, depois come um pedaço do cogumelo que estava guardado no bolso e por fim entra apressadamente no tão desejado jardim.


O local era novo para o rapaz. Os limites eram algo inimaginável, incompreensível e cheio de efeitos alucinógenos. Havia liderança sim. Mas a rainha de copa era, de todos, a mais malvada. Qualquer deslize qualquer oposição a seu ideal, a sua ideia, a seu jeito de pensar e vinha logo a sentença: Cortem-lhe a cabeça!


Apenas quem fosse suficientemente cínico para apresentar-se sem seu corpo completo, escapava do machado do capataz. Era por isso que a tartaruga fingida permanecia viva por tanto tempo. Tinha um teatro só seu. Sabia vencer as dificuldades, não se importando com as mudanças políticas que aconteciam nesse mundo maravilhoso. Sempre estava por cima, sempre estava viva, pois sabia dançar a contradança das lagostas.


Era hora de despertar desse estranho sonho! Ao acordar, assustado, nervoso, arrependeu-se profundamente do último episódio do sonho.


Apesar disso, percebeu que na politica, terra sem lógica e sem lei, não vale à pena se esforçar para criar excelentes depoimentos. O povo tem pouca memória, esquece fácil o que passou, desiste em guardar magoas e jamais perguntará, jamais, jamais mesmo, quem roubou minhas tortas?


Estamos presos, prisioneiros de um dilema que deixa nosso estado mal:


Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?


Isso depende muito de para onde queres ir.


Preocupa-me pouco aonde ir –


Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas.


O Acre precisa ser reinventado. Nenhum desses autores deve ser convidado. Volte HONEY! O seu lugar é o bosque onde passeava. Veja o verde, a brisa e o mundo. Não contamine seu sonho, pois poderá mostrar que vale menos que esse pesadelo.


Por FRANCISCO RODRIGUES PEDROSA   f-r-p@bol.com.br


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