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População virou refém da falta de manutenção no sistema de abastecimento de água de Rio Branco

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Ray Melo,
Da redação de ac24horas


Há pelo menos duas semanas alguns bairros da cidade têm sofrido com a falta da água. A região mais comprometida é a do Calafate e bairros adjacentes, além de outros bairros no Segundo Distrito, como o Comara. Na região do São Francisco há reclamações de donas de casas.

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Além de reclamarem da falta de água para fazer as atividades do dia-dia, a população de Rio Branco procura explicações sobre declarações dadas na imprensa pelo governador Sebastião Viana e o atual prefeito Raimundo Angelim, que no início do ano, prometeram melhorias no sistema de abastecimento.


Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SINIS e do Ministério das Cidades, R$ 33 milhões foram repassados para o Acre. Ainda de acordo as informações federais, o governo do Acre e a prefeitura da capital, administram juntos, R$ 1 bilhão de obras do PAC 1, PAC 2 e BNDES. Isso somente para a cidade de Rio Branco. 


Onde está o problema?
ac24horas teve acesso a documentos exclusivos que ajudam a entender porque a população de Rio Branco sofre com a falta de abastecimento de água. Um deles mostra que a Estação de Tratamento de Água – ETA I,  funciona desde 2007, contrariando uma determinação do Ministério do Trabalho que interditou o local. A reportagem gravou ainda um depoimento bombástico de um dos engenheiros do sistema de abastecimento de água em Rio Branco. Na entrevista, ele revela que o motivo da quebra de uma das bombas foi a falta de manutenção e que a população da capital foi abastecida por um longo período, com água abaixo do padrão de qualidade exigido.


Engenheiro diz bombas quebraram por falta de manutenção do sistema


Em menos de uma semana, problemas graves mostraram a vulnerabilidade do sistema de abastecimento de água em Rio Branco. Mais de 80 bairros na capital estão sem água. Por trás da verdade dita nas propagandas oficiais do governo, uma história de relaxamento administrativo.


“A população de Rio Branco sofre constantemente por causa da falta de manutenção preventiva nos equipamentos”, garante um dos engenheiros do Depsa (antigo Saerb) que aceitou gravar entrevista.


Temendo perseguição, o funcionário pediu para não ter seu nome revelado. Ele assegurou que com a segunda bomba quebrada, o caos instalado em Rio Branco pode se agravar ainda mais. O engenheiro garante que ocorreram outros erros na execução do projeto de construção da ETA II.


“A estrutura para captação foi feita de forma muito elevada, no período seco; quando o rio baixa, ela trabalha a seco, aquece e provoca a quebra do eixo da bomba, como aconteceu”, relata o especialista.


Além dessa falha, o servidor afirma que o sistema da ETA II que deveria ser 100% automatizado, nunca funcionou. Segundo o mesmo engenheiro, o depósito de cal (produto usado na purificação da água) funciona de forma manual, contrariando as normas técnicas e colocando o trabalhador em contato direto com o produto.


Pior que a estrutura informatizada deveria funcionar. Um contrato entre o antigo Saerb e o técnico em telemetria, Geraldo Silva de Luna, no valor de R$ 13,8 mil foi firmado para execução dos serviços eletromecânicos na nova Estação de Tratamento de Água (ETA II). O contratado veio da mesma cidade que o ex-diretor da antiga Saerb, Samy Ferraz: a cidade de Campo Grande, no Rio Mato Grosso do Sul. Os serviços não foram executados. O petista Samy Ferraz, afilhado do senador  Jorge Viana sumiu da cidade de Rio Branco.

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Fotografias mostram que a segunda bomba pode ter queimado por causa de uma goteira que existe no telhado da Estação de Tratamento de Água. Tentando dar explicações a população, o governador Sebastião Viana pediu a Policia Civil que investigasse o caso.



Governo não cumpriu promessas feitas ao povo do Acre


As promessas com relação ao aperfeiçoamento do sistema de abastecimento de água foram feitas desde a reeleição de Raimundo Angelim, do PT. Essa foi uma das principais bandeiras de campanha.


Segundo matéria veiculada nos órgão de comunicação oficial, até 2010 deveriam ser investidos cerca de R$ 300 milhões em todo o Estado, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal, na Ampliação da rede de distribuição de água, adutoras, reforço de rede e anéis.


Ainda de acordo a reportagens governista, o esforço fazia parte do projeto de tornar o Acre o melhor lugar para se viver na Amazônia e oferecer melhor qualidade de vida para a população.
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SINIS, divulgado recentemente pelo Ministério das Cidades, Rio Branco está entre as 15 cidades do Estado do Acre que atende menos de 80% de sua população com água tratada.


Do total de 1.000 litros de água por segundo, apenas 600 litros estão sendo produzidos há duas semanas. O projeto milionário de construção da ETA II, avaliado em R$ 140 milhões, funciona como um elefante branco. A água tratada chega a apenas 56,5% da população. As redes de esgotos chegam a apenas 30% das residências da capital.


Não perca a segunda reportagem da série:


Em pleno período eleitoral, a segunda série de matérias sobre a falta de água vai mostrar um esquema de diárias que envolve cargos ligados a pessoas influentes no governo petista. O caso já foi denunciado ao Ministério Público, mas nenhum procedimento investigatório foi iniciado por parte da Promotora do Patrimônio, Waldirene Cordeiro – esposa do secretário de fazenda do Estado, Mâncio Lima Cordeiro.


 


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