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Escola Municipal Antônio Pena, em Sena Madureira, o retrato da educação em preto e branco

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Jairo Carioca,
da redação de ac24horas
jscarioca@globo.com


O ac24horas inicia nesta sexta-feira (08) uma série de reportagens realizadas através de uma investigação voltada para área de educação no interior do Acre. A produção de Jairo Carioca conta com a contribuição de vários agentes, entre eles: professores, diretores, secretários municipais, secretaria de educação do Estado, políticos e a comunidade. Tem como objetivo, conhecer a realidade da escola acreana que chega aos lugares mais isolados. Como é feita as transformações sociais nesse contexto. Quais os conjuntos de problemas que serão enfrentados pelos próximos gestores?

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Nossa viagem começa pelo Rio Iaco. A subida foi no período em que o manancial se apresenta de forma mais volumosa, no famoso inverno amazônico. Cinco dias de barco pelas belezas do subsidiário do Rio Purus. O percurso nos deu uma visão bastante completa e segura do que é fazer educação nessa região. Até chegar à comunidade Santa Ana registramos cenas de legalidade, de ilegalidade, destruição, fome, necessidade, coragem. No coração da selva amazônica, nos deparamos com a luta do homem brasileiro.


– Quem cedeu essa tapera foi a comunidade, o governo não queria construir uma escola! – exclamou o senhor Purú. Ele foi quem recepcionou a caravana composta também por vereadores e deputados estaduais.


O pardieiro que Purú se refere é a escola onde os seus filhos e um total de 15 alunos estudam de primeira à quarta série. Contou-nos ainda o homem de confiança da região, que alguns alunos atravessam igarapés e andam cerca de trinta minutos e até uma hora, para chegar ao local.


– Aqui não chega merenda escolar não. É muito difícil! A gente se vira com o que tem mesmo – acrescentou.


Faltam cadeiras. Não existem bebedouros, carência de professores, não existe instalação hidráulica e nem de banheiros. A escola Antônio Pena é o retrato fiel do que enfrentam alunos do interior. Por aqui, parte dos R$ 17 milhões destinados ao Pró-Acre em 2011 ainda não chegou. Tudo ainda parece ser um sonho na vida da comunidade. Isolada, sem educação, sem saúde e assistência técnica, os sonhos permanecem apenas nas palavras. O verde que cerca a área com esplendor e beleza, fica preto e branco, quando o assunto é educação.


– A gente espera que um dia o governo se lembre da gente aqui!- disse seu Purú.


Em Sena Madureira, a fotografia que mostra a estrutura da escola e de outras encontradas em precárias condições na região, foi pauta de debate na Câmara Municipal. O vereador Josandro Cavalcante [PSDB], cobrou do prefeito Nilson Areal, providências para a construção de escolas dignas para a comunidade. O discurso parece ter encontrado eco. Segundo a secretária de educação do município, professora Maria José, a obra para a construção da Escola Antônio Pena foi licitada.


– Os empreiteiros estão lá dentro da comunidade. Vão retirar madeira na região mesmo, não tem como levar da cidade. É muito longe. A escola foi aberta no ano passado, existe uma contrapartida nos recursos de R$ 8 mil destinados pelo Pró-Acre, se não fosse o esforço do prefeito, não daria para atender a comunidade – destacou a secretária.


A boa notícia chega também para as escolas Barão do Rio Branco, Santa Ana e Tabatinga. Todas em precárias condições. Segundo Maurilho da Costa Silva, coordenador estadual dos subprojetos Escolares, a secretaria de estado de educação e esporte, firmou no final de 2011 termos de convênios e transferiu recursos para os Conselhos e Consórcios Escolares em Sena Madureira, beneficiando 63 escolas rurais da rede estadual. Ao todo, está sendo investido R$ 1,7 milhão.


Ainda de acordo o coordenador, no exercício de 2010, foram firmados 14 termos de convênios, parte ainda em execução, totalizando R$ 717.237,46, beneficiando 35 escolas rurais, sendo 31 da Prefeitura e 4 do Estado. O somatório de recursos aplicados pelo programa somente em Sena Madureira perfaz um investimento entre 2010 e 2011, de R$ 2,4 milhões. O dinheiro deveria beneficiar 98 escolas rurais da rede estadual e municipal de ensino.

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– Deveria, por que na prática o que encontramos na zona rural são escolas que como você próprio viu estão todas acabadas – comenta o vereador Josandro.


Alguns prédios encontrados pela Caravana do Iaco, a tinta ainda é do tempo do ex-governador Jorge Viana. A logomarca ainda registra o projeto de Florestania que foi abandonado pelo atual governador Tião Viana.


A professora Maria José disse que assumiu a secretária de educação em abril e que ao chegar à pasta, todas as licitações já haviam sido homologadas. São repassados pelo Fundeb em média, recursos que variam entre R$ 800 à R$ 1 milhão/mês.


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