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Exclusivo: depoimento de faxineira colocou grupo de Carlinhos do PSB atrás das grades

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Demorou mais de uma hora o depoimento de Regiane Maria da Silva Rola. Ela é a principal testemunha de acusação do Caso Pinté, julgado desde as primeiras horas da manhã de hoje (07), no Fórum da Comarca de Acrelândia – 100 km da capital do Acre.


Foi através dela que a Policia chegou a Henrique Pereira do Lago (o “Carlinhos Granada”), homem que segundo depoimentos, recebeu R$ 30 mil de um consórcio patrocinado pelo prefeito Carlinhos do PSB, sua mãe, ex-vereadora Maria da Conceição e Jonas Lima, ex-chefe de gabinete do município, dinheiro levantado para a trama que culminou com o assassinato do ex-presidente da Câmara, o Pinté, no dia 01 de maio de 2010.

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Durante depoimento em juízo, Regiane contou que Granada foi até a sua casa dias antes do crime contra Pinté. Durante a visita, Granada teria comentado que recebeu um telefonema do prefeito Carlinhos que o contratou para um serviço em Acrelândia. Na segunda vez que Granada voltou à casa de Regiane ele teria a chamado para ir até o Esquinão [Casa de Festa]. “Ele disse que o serviço tinha dado resultado e tinha R$ 30 mil para gastar”, acrescentou Regiane.


Após a morte de Pinté, Regiane contou a conversa que teve com Granada para sua mãe, o sogro, um pastor da Igreja Quadrangular e uma senhora de nome Nina. Com o vazamento da informação, ela passou a ser procurada pela família do prefeito Carlinhos, especificamente pela irmã de Carlinhos, de nome Ana Paula. Depois, ela acrescentou que recebeu de um ex-policial civil, Manoel Araújo Ferreira (o Cirino), uma proposta de R$ 80 mil para mudar o seu depoimento. Ela foi uma das testemunhas ouvidas por Carlos Bayma.


Foi revelado durante seu depoimento de hoje que Regiane  foi depor para o delegado Carlos Bayma portando um moderno sistema de gravação. O seu novo depoimento foi fundamental para o pedido de prisão do delegado,  do agente de Polícia Civil Manoel Araújo Ferreira, o “Manoel Cirino”, e de Paulo César Ferreira de Araújo [pai do ex-prefeito do município e marido da vereadora Maria da Conceição Araújo]


Bayma, Manoel Cirino e Paulo César estariam praticando os crimes de prevaricação (art. 319, CP), abuso de poder (art. 350, parágrafo único, IV, CP), suborno e coação no curso do processo (artigos 343, parágrafo único e art. 344, CP).


Regiane sustentou que os três estariam tentando mudar o seu depoimento. Ela disse que a amizade de Granada era com o seu marido, que foi assassinado em 2008. Depois de responder as perguntas feitas pela juíza Maria Rozinete e das promotoras Maria de Fátima Ribeiro Teixeira e Joana D’ arc, ela foi interrogada por mais de trinta minutos pelo advogado de defesa, Sanderson Moura.


Sanderson centrou seus questionamentos tentando mostrar para os jurados que não havia nenhuma ligação mais intima entre Carlinhos Granada e Regiane Silva. “Se não eram amigos íntimos por que Granada lhe revelaria que recebeu R$ 30 mil?” – questionou o advogado de defesa. Desde que chegou ao Fórum que Sanderson cobra do Ministério Público a apresentação das interceptações telefônicas que comprovam a ligação telefônica feita pelo prefeito Carlinhos para Granada, no suposto contrato para o crime contra a vida de Pinté.


– É uma grande mentira, uma politicagem, não há investigação é uma fraude. O Tribunal do Juri vai mostrar para a sociedade que não se pode condenar as pessoas sem elementos, sem provas, sem perícia. Essa é a principal testemunha deles, uma senhora que já foi condenada por tráfico de drogas e que não tinha intimidade nenhuma com o Granada. Todas as testemunhas são pessoas adversárias políticas do prefeito – disse Sanderson.


A promotora Maria de Fátima concedeu entrevista à imprensa após o depoimento de Regiane. Ela chamou de bandidos o ex-policial Manoel Cirino e o delegado Carlos Bayma “que durante todo o tempo coagiu e subornou as testemunhas do processo”, disse. A promotora garantiu mostrar as interceptações telefônicas durante o julgamento.


– No decorrer do julgamento nós vamos estar mostrando para vocês todas as provas do processo – disse a promotora.


Sanderson requereu falso testemunho de Regiane Maria. A testemunha não foi liberada.

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Jairo Carioca – Do Tribunal do Júri, em Acrelândia
jscarioca@globo.com




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