No momento em que o Governo do Estado anunciou a previsão de um investimento de cerca de R$ 23 milhões no setor de piscicultura acreana nos próximos três anos, uma baixa foi registrada na manhã desta segunda-feira, 24, ao ser anunciada a exoneração do superintendente federal de Aquicultura e Pesca, Samy Pinheiro de Moura.
Há nove anos frente ao Ministério, trabalhando junto a oito mil famílias de pescadores artesanais e aquicultores familiares, Samy está no cargo há nove anos, época da criação do ministério pelo então presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva.
Profundo conhecedor da área, Pinheiro tornou-se liderança conceituada não apenas pela comunidade pesqueira e aquícola, mas também por várias autoridades estaduais e nacionais, tendo seu trabalho reconhecido por todos os ministros da Pesca como José Fritz, Altemir Gregolin, Idelli Salvatti e Luís Sérgio.
Sua saída do ministério trata-se de uma decisão meramente política pelo fato do cargo ocupado por Samy pertencer ao Partido Progressista (PP) desde a época do ex-deputado federal, João Total.
O cargo permanecia até hoje sob o comando do PP, através do deputado federal Gladson Cameli, que tem trabalhado em Brasília usando as justificativas de competência, responsabilidade e conhecimento de Samy na área.
No entanto, os argumentos de Cameli não derrubaram os interesses e retaliações políticas, coordenadas pelo Partido dos Trabalhadores através dos senadores Jorge Viana e Aníbal Diniz e dos deputados federais Taumaturgo Lima e Sibá Machado, além do governador Tião Viana, que usou sua total influência junto a Casa Civil.
O cargo de Samy será assumido pelo auditor fiscal do Ministério do Trabalho no Acre, Manoel Quintela, militante orgânico do Partido dos Trabalhadores no Acre.
Sua indicação saiu diretamente do gabinete do governador Tião Viana e do senador Jorge Viana.
Ainda pela manhã, ele recebeu inúmeros telefonemas de vários técnicos do Ministério da Pesca e ainda de várias regiões do país.
Exoneração de Samy revolta presidentes de colônias de pescadores
No Acre, vários presidentes de c olônias de pescadores se manifestaram contra a saída de Samy Pinheiro do ministério, entre eles o presidente da colônia dos pescadores de Cruzeiro do sul, Elenildo Nascimento, que atribui a decisão a uma perseguição política do PT .
“O que estão fazendo com os pescadores do Acre é uma covardia, pois antes ninguém respeitava pescador no Acre. Nós éramos conhecidos como cachaceiros e caloteiros, e depois que o Samy resgatou nossa dignidade e o nosso respeito todo mundo quer ser o pai desta criança”, disse ele, indignado.
Da mesma forma, os presidentes de colônias de Sena Madureira, Plácido de Castro, Brasiléia, Assis Brasil, Rio Branco, Tarauacá, Mâncio Lima, Rodrigues, Marechal Taumaturgo , Porto Walter, Porto Acre, Manoel Urbano, lamentaram a exoneração, ameaçando fazer um manifesto em Rio Branco contra a saída de Samy do cargo.
Samy Pinheiro se despediu hoje mesmo de vários líderes da categoria e agradeceu a parceria e o trabalho realizado para dar dignidade e respeito às milhares de famílias de pescadores acreanos.
Ouvido pela reportagem, Samy Pinheiro confirmou sua saída e disse que permanecerá no setor, já que detém conhecimento e tem construído um trabalho honrado e produtivo juntamente com todos os membros da categoria no Acre.
“Sou aquicultor. Conheço minha área e não entrei neste setor apenas por indicação política, mas porque tenho conhecimento e competência para assumir qualquer cargo ligado a piscicultura e aqüicultura, além de qualquer outra atividade pesqueira, e o trabalho realizado por mim e minha equipe ao longo destes nove anos resgatou o Acre para as condições favoráveis em que se encontra atualmente o setor pesqueiro e aquícola para os investimentos anunciados Brasil afora”, disse Samy.
Da redação de ac24horas
Rio Branco, Acre