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A MARCHA DA INSENSATEZ

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Francisco Nazareno*


No último dia 21 de setembro, Senador Guiomard assistiu a uma manifestação de estudantes em idade infanto-juvenil em frente à Prefeitura Municipal. Os alunos marcharam da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes até a sede do município sob o incentivo de alguns poucos professores, gestores escolares e futuros candidatos a vereador e prefeito.

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Não obstante à falta de segurança a que foram submetidos, os estudantes que caminhavam desordenadamente pela Avenida Castelo Branco, competindo com o tráfego intenso de veículos, receberam dos organizadores uma causa um tanto quanto pitoresca: a contrariedade pela instalação de uma agência da Caixa Econômica Federal em uma área de terra pertencente à Municipalidade, cedida pela Prefeitura com aprovação por maioria ampla da Câmara de Vereadores.


Diga-se que para tal discussão e antes da aprovação, houve audiência pública com o Executivo Municipal, Câmara de Vereadores, Superintendência da CEF, Associação Comercial, Imprensa e outras entidades representativas da sociedade no Centro Cultural Manoel Gomes. Os organizadores da marcha não se fizeram presentes.


Num exercício puro da anti-razão e num exemplo clássico do pensamento arcaico, estes professores, gestores, vereadores e pré-candidatos, por não possuírem argumentação lógica para debates nos fóruns adequados da sociedade civil organizada, manipularam e usaram estes estudantes como massa de manobra, dando-lhes uma sinalização equivocada para uma falsa correlação de causa e efeito.


Colocaram nas mãos dos alunos cartazes do tipo: “Não comemos Caixa”, “Queremos lazer” e “Queremos o espaço da nossa escola”. Nesta última alegação, mesmo com a utilização de parte do terreno, ainda sobram espaços suficientes para construção de outros blocos de salas de aula; na segunda, a escola possui ao lado, um ginásio poliesportivo inaugurado há menos de dois anos, e, na primeira, de fato, ninguém come nem Caixa nem qualquer empreendimento empresarial, mas é da agricultura, da indústria e dos serviços que advêm o trabalho e produção que geram os bens e serviços que concedem renda para o sustento e desenvolvimento da nossa sociedade.


Os autores intelectuais da marcha esqueceram ou não quiseram orientar os alunos que a Caixa Econômica é uma instituição governamental e assim como o Banco do Brasil, o Basa e o BNDES, é um instrumento poderoso da política de desenvolvimento socioeconômico do país.


Deveriam informar aos estudantes que os recursos movimentados pela Caixa pertencentes ao município de Senador Guiomard, geram tributos de movimentação financeira em Rio Branco, e ao se instalar no Quinari, estes tributos passarão a ser recolhidos no município, e no mínimo 40% serão destinados à saúde e educação.


Deveriam saber nossos nobres educadores e os políticos contrários, que a instalação da Caixa Econômica valorizará os imóveis municipais, incluindo os seus e os dos pais de todos aqueles estudantes, e estes poderão no futuro vir a desenvolver uma carreira profissional naquela instituição, num cenário tão carente de oferta de emprego.


Os incentivadores da marcha _ alguns preferiram o anonimato _ um grupo acanhado de educadores, vereadores e pré-candidatos a prefeito, alegam que uma agência bancária ao lado de uma escola afeta negativamente a segurança dos alunos. Ora, talvez desconheçam que na capital Rio Branco, o governo utilizou parte do terreno da Escola Serafim da Silva Salgado, localizada na chamada Baixada do Sol, para a construção de uma delegacia de polícia.


Se o pressuposto da segurança fosse válido e verdadeiro, os organizadores da marcha estariam desta forma defendendo que no futuro, melhor seria que aqueles estudantes não ingressassem na Universidade Federal do Acre, porque lá, exatamente no centro do Campus, existe não uma, mas duas agências bancárias, servindo não somente à comunidade acadêmica mais também aos bairros adjacentes.


Ironicamente, para contrariar ainda mais a lógica do absurdo dos manifestantes, no último dia 22, o Governo do Acre divulgou no Diário Oficial a concessão de um terreno à empresa Acresan Indústria e Comércio Ltda., de origem sul-matogrossense, fabricante de tubos e conexões, como incentivo à produção industrial. Conforme um noticiário local, os proprietários da empresa estão no Acre há cerca de um ano. Em tempo: a Caixa Econômica é uma instituição governamental secular.

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A instalação da Caixa é um dos sinais do desenvolvimento do município. Com o programa de regularização fundiária a ser lançado em breve, as construções e reformas residenciais darão um impulso na economia municipal. Os imóveis terão ampla valorização e haverá poupança disponível para investimentos, na medida em que se estabelecerá uma relação direta da população guiomarense com uma instituição especializada em financiamento habitacional.


A marcha causa perplexidade visto que estes educadores ao invés de orientar os estudantes para o exercício do raciocínio lógico preferiram subverter a realidade ao obsoletismo ideológico e oportunismo político, sinalizando o real contraponto da crise educacional do nosso país.


Não estamos em ano eleitoral, mas nota-se, contudo, um alto grau de ressentimento e atitudes hostis e até infantis daqueles que, por questões politiqueiras dão férias coletivas à razão e são sempre contrários às ações do atual executivo municipal, mesmo que tragam benefícios inequívocos à população.


A demagogia tem um custo. Deveríamos estabelecer um prêmio para quem não atirasse no próprio pé. Talvez assim…


*Francisco Nazareno é diretor do Instituto Teotônio Vilela/Acre


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