Um bilhete escrito por uma senhora identificada como “Fram” e abaixo o telefone da Funbesa. Isso é tudo que mais de cem famílias tem como garantia para procurarem uma casa para alugar, no prazo máximo de 48 horas a partir desta segunda-feira (12), sob ameaças de serem despejados. Para os resistentes a promessa é de cortar luz e água.
– Eles nunca falaram em nos tirar daqui, agora vem e exigem nossa saída no prazo de dois dias e ainda ameaçam cortar nossa água e luz, disseram que não temos saída – afirmou dona Maria Magalhães.
Quem não estava em casa, como é o caso de dona Judith Alves, o recado foi deixado com um de seus seis filhos. “As crianças estão aterrorizadas perguntando se vão desmanchar a nossa casa”, acrescentou a dona de casa.
Segundo o senhor Sanderson Carvalho, os agentes da prefeitura passaram nas casas fazendo um cadastramento para o Bolsa Família. “Eles nunca disseram pra gente que iam nos despejar desta forma. Depois que inauguraram a ponte passaram pintando as casas para ficar bonita”, disse Carvalho. Ele mora há 38 anos no local.
Por telefone, a diretora de imprensa do governo, Andrea Zilio, disse que não há nenhum tipo de ameaça. Ela explicou que o trabalho realizado pela equipe foi apenas de consulta aos moradores. A diretora reconheceu que houve “uma trucagem de informações”.
– Isso foi imediatamente corrigido pelo coordenador de equipe – garantiu a diretora.
Ainda segundo a assessoria de imprensa, o projeto faz parte de uma parceria entre o governo federal com o governo do Estado que tem como objetivo retirar as famílias da área de risco. O polígono da 06 de agosto foi escolhido por ser a primeira área que alaga sempre que ocorre a cheia do Rio Acre.
Andrea também confirmou a alternativa dada aos moradores da chamada Bolsa Transitória que corresponde ao pagamento de um aluguel no valor de R$ 300,00 até que as famílias sejam contempladas com uma nova moradia. Os moradores reclamam que nenhuma proposta de indenização foi feita pelo governo.
A diretora de imprensa do governo, Andrea Zilio questionou o fato da reportagem se basear em uma denúncia escrita num pedaço de papel. “Não se pode dar credibilidade a uma denuncia escrita num pedaço de papel; não há nada que ligue o tal bilhete a uma decisão de um membro da equipe de governo”, disse.
Jairo Carioca – da redação de ac24horas
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