Luciano Tavares, da redação de ac24horas
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Depois do fracasso com os fogões geradores de energia Geralux, o governo do Acre pretende investir agora em uma nova tecnologia para levar eletricidade às comunidades de difícil acesso do Estado: trata-se do motogerador VSE a etanol, que sairá cada um aos cofres do estado ao preço de R$ 270 mil. A tecnologia brasileira é desenvolvida pela Vale do Rio Doce em parceria com o BNDES.
Com capacidade de abastecer uma vila com 380 famílias, o gerador possui um controle central do motor, um alternador que gera a energia, considerado o cérebro da máquina, além de um disjuntor.
Convencionalmente, o motogerador é utilizado com o etanol derivado da cana-de-açúcar, mas no caso do Acre há a intenção de usar a mandioca como matéria-prima. Isso seria possível de acordo com a Cecília Oliveira, representante da Vale através das ilhas de sustentabilidade. “O diesel daqui vem de São Paulo, quer dizer você acaba gastando mais por causa do transporte. Com a ilha de sustentabilidade você tem a produção dispensada de estar usando diesel, porque você vai ter cana ou a mandioca. O diesel só vai ser usado no transporte da máquina. O que a gente tá fazendo neste momento é um estudo sobre que áreas de plantio de mandioca ou cana, que vai gerar uma quantidade de litros para alimentar o gerador que abastece a comunidade”, acrescenta Cecília ao reconhecer ainda os entraves ambientais para a aquisição de novas áreas de plantio. “Mas também estamos em contato com a Álcool Verde para saber da possibilidade de parceria”, informa.
Primeira promessa inovadora de energia alternativa do Acre fracassou
O fogão gerador de energia, o Geralux, criado pelo pesquisador paraense Ronaldo Sato foi financiado pelo governo do Estado em parceria com a Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), no valor de R$ 620 mil, mas o projeto que surgiu com a meta de beneficiar mais de 25 mil famílias isoladas no Acre fracassou antes mesmo de completar um ano de criação, durante o último governo de Binho Marques.
Em 2009, Inicialmente, trezentas unidades do fogão foram distribuídas para famílias extrativistas que residem em locais de isolados, no interior do Acre, a começar pela Reserva Extrativista Chico Mendes. Mas o funcionamento do fogão não foi o esperado.
Ao contrário do motogerador, onde se usa álcool combustível para o funcionamento, no Geralux a energia é gerada pela queima da lenha em seu interior, que é armazenada em uma bateria. Na propaganda oficial, o governo informou que o fogão consegue manter acessas cerca de três lâmpadas, e cinco aparelhos eletrodomésticos por seis horas.
No Projeto Antimary, os fogões não resolveram a ausência de energia elétrica dos produtores e passaram a ser usados como galinheiros ou objeto de brincadeira para crianças. O fato foi denunciado pela bancada de oposição na Assembleia Legislativa do Acre, mas até hoje o governo não admitiu publicamente o fracasso no projeto dos fogões.
Incêndio na base de pesquisadores brasileiros da Antártica que matou dois trabalhadores teria sido provocado por uma pane em motogerador VSE
A máquina considerada de uso ambientalmente correto passou a ser utilizada na base brasileira da Antártica Comandante Ferraz, a partir de 2011.
Porém, meses depois, em fevereiro deste ano uma pane elétrica em uma das quatro máquinas teria provocado o incêndio na Estação, que deixou dois militares mortos e outro ferido, além de destruir 70% das instalações da base brasileira.
As causas do incêndio ainda são investigadas. Na época, a mídia nacional informou baseada em declarações do chefe da base, capitão de fragata Fernando Tadeu Coimbra que o incêndio começou em um dos quatro geradores de energia instalados na casa de máquinas da estação.