Uma criança de quatro meses pode morrer se não for transferida com urgência para um hospital que mantenha profissionais especialistas em cardiopediatria. A menina foi diagnosticada com cardiopatia, uma doença que causa má formação no coração. O Ministério Público Estadual (MPE) foi acionado, mas também não conseguiu resolver o problema.
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) chegou a confirmar um agendamento ao ac24horas, mas nesta quinta-feira, 28, foi desmentida pelos familiares que acusam o órgão de mentir e não ter feito nenhum esforço para resolver a transferência da criança. O temor é que haja complicações no quadro clínico, o que poderia leva-la à morte.
LEIA MAIS:
>> Família de bebê com cardiopatia pede socorro ao TDF do Acre
Zilma Moura Maciel, tia da criança, diz que a espera já dura desde o mês de março, quando a mãe da menina deu entrada ao processo, pedindo a remoção da criança. “Acho que estão esperando pior acontecer, porque até agora eles não dizem quando é que ela vai ser transferida. Os pais já querem levar a criança por conta própria. É um descaso total”, afirma.
No MPE, conta a tia, “ligaram na Sesacre e disseram que não tinha nem previsão de quando a gente ia poder ver essa criança viajando. Que talvez em maio isso seria resolvido, mas não podiam confirmar nada, não podiam dar nenhuma esperança desse tipo, porque não dependia deles. A gente só fica apreensivo, só isso”, completa Zilma.
CASO SEMELHANTE
No última sexta-feira, 16, o pequeno Davi Campos de Souza, de dois meses, morreu na Unidade de Terapia intensiva (UTI) do Hospital da Criança de Goiás. O menino, que estava internado na Maternidade Bárbara Heliodora, esperou por mais de dois meses pela transferência via Tratamento Fora de Domicílio (TFD), da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). Os pais da criança ficaram desolados com a situação.
No início de abril, após pedido do governo do Acre à Força Aérea Brasileira (FAB), foi possível que o bebê Davi fosse transferido da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal da Maternidade Bárbara Heliodora, via UTI aérea, para Goiânia (GO), onde esteve internado até o dia em que morreu. Davi, que fora diagnosticado com cardiopatia, estava num estado de saúde bastante delicado.
A DOENÇA
Cerca de 10 em cada 1.000 bebês nascem com cardiopatia congênita, uma doença que leva a uma má formação no coração. Em alguns casos, os sintomas se manifestam desde o início da vida ou mesmo depois de anos, em um momento em que o coração precisar ser testado para um esforço muito grande, por exemplo.
Um ultrassom já pode levantar uma suspeita, mas o diagnóstico só é feito com um ecocardiograma. Depois que o bebê nasce, existe também um teste simples para diagnosticar a doença, feito com um oxímetro, que não causa dor ou incômodo à criança.
De qualquer maneira, os bebês podem dar também sinais, como dificuldade de respiração, suor intenso principalmente na cabeça, unhas e lábios roxinhos, irritabilidade, palidez, inchaço, dificuldade para ganhar peso ou ainda facilidade para pegar infecções pulmonares. Os pais devem observar ainda se os bebês começam a largar o peito ou a mamadeira na hora de mamar, o que também pode indicar um sinal de alerta da cardiopatia.