As cenas de uma suposta exibição de sexo oral, divulgadas nas redes sociais, durante a realização da parada gay, no último domingo, 20, na cidade de Rio Branco, suscitou os debates da bancada evangélica na Aleac, na manhã desta terça-feira, 22, que teve apoio dos demais deputados, na tese de que foi cometido um crime contra a família na realização do evento.
O deputado Jamyl Asfutry (DEM), reconhecido líder evangélico destacou que os valores familiares foram violentamente atingidos com a encenação de uma cena de sexo em via pública. “Quero falar como cidadão, pai de família, esposo e filho. As imagens que foram colocadas nas redes sociais fogem aos princípios familiares, chegando a níveis deprimentes”, enfatizou Asfury.
Para o parlamentar democrata, os representantes públicos precisam estar atentos aos movimentos que teriam como pano de fundo a luta por direitos humanos, para que a coletividade não seja atingida por cenas agressivas de uma minoria. “Se pedirmos prisão seremos taxados de ditadores”, destaca Jamyl.
“Um das músicas mais ouvidas em 2009 foi usada durante na abertura da parada gay. Essas imagens não condizem com a realidade acreana e, nós vamos contestar”, comentou o deputado relatando os artigos do código penal, de atentado violento ao pudor, que teriam sido infringidos, na realização da parada gay.
Outro alvo dos parlamentares evangélicos foi à secretaria de Direitos Humanos. “Nós evangélicos somos humanos. Ninguém dos direitos humanos saiu em nossa defesa. Que direção caminha os direitos humanos? Que direitos humanos são esses que excluem determinados humanos? É essa nossa preocupação”, enfatizou Asfury.
OPINIÃO DA BANCADA EVANGÉLICA
O deputado Astério Moreira (PRP), também fez comentários sobre a encenação de sexo oral em via pública. “Violência não é só quebrar uma lâmpada na cara de um homossexual, não. As imagens divulgadas na internet é uma violência, daquele movimento que está sendo feito com dinheiro público. Estou nesta tribuna indignado como as cenas na internet e nas ruas. Que sociedade permissível é essa? Que sociedade podre é essa?”, questiona.
Segundo o deputado governista, o que aconteceu foi “uma violência inominável e, eu nunca me senti tão humilhado e discriminado, como neste episódio. É inaceitável que seguimentos do governo apóiem isso, porque sou da base do governo e não apoio. É uma violência contra as pessoas”.
Astério afirma que a luta pelos a igualdade não pode ser confundida com atos nocivos a sociedade. “A lei é igual para todos. Orgia e sacanagem pública, não fazem parte da luta pela igualdade. Isso não é ser falso muralismo, isso é elementar. Quer fazer sexo vá para um quarto de motel ou para sua casa, mas não venha ofender as famílias com este tipo de agressão pública”.
O líder do PCdoB, na Casa, deputado Eduardo Farias se mostrou um defensor das lutas encampadas pelos direitos humanos e inclusão racial e homossexual, mas foi contra a encenação de sexo oral na parada gay.
“Há algumas semanas reclamávamos que o nível dos debates teria caído, mas acho que este é o tipo de tema deve ser debatido nesta Casa. Não concordo com o tipo de postura que teve nesta última passeata da diversidade. Há sete anos participo desta caminhada, juntamente com toda minha família. Defendo aqui, como já defendi varias vezes a liberdade, o estado laico a democracia, mas aquilo que se viu lá tem que ser condenado, porque não representa a semana da diversidade. Esse tipo de ato que este senhor fez, não constrói nada e joga contra o movimento. Crimes como aquele não podemos permitir, destaca Farias.
O petista Jonas Lima iniciou seu discurso com uma reclamação direcionado a imprensa. Segundo o parlamentar, “parte da imprensa tem me achincalhado”, em referência a comentários em portais de notícias sobre sua atuação como pastora evangélico.
“Isso é agressão não só à família acriana, mas à família brasileira. Eu como deputado da frente parlamentar, vou lutar até o fim, para que esse tipo de ato é que faz a baderna em diversos movimentos na sociedade seja combatido. Eu repudio e quero dizer que não vou me dobra a este tipo de acontecimento”, disse Jonas Lima.
“O GOVERNO NÃO APÓIA GESTOS COMO ESTE”
O primeiro secretário da Casa, deputado Ney Amorim defendeu a posição do governo em relação ao apoio institucional para realização da parada gay. Segundo Amorim, ele teria amanhecido a segunda-feira, colhendo todos os equipamentos que pudessem dar acesso a internet para impedir que seus filhos acessassem as cenas da parada gay.
O petista disse ainda, que teria conversado com as autoridades do Governo do Acre e assegurou que a administração estadual não apóia nenhum fato que venha a ofender as famílias acrianas. “O governo não apoio gestos como este e não apoiará. Estas cenas não podem se repetir no nosso estado e nem no resto do mundo”, defende Amorim.
Para o líder do governo, Moisés Diniz (PCdoB), “quem acompanha o caldo de cultura do que se debate sobre a questão da diversidade tem que ter a certeza que abrir o movimento com a música mais popular entre o movimento evangélico é uma agressão. Minha solidariedade aos deputados evangélicos”, disse Diniz informando que a pessoa que teria protagonizado a cena teria feito um pedido de desculpa pública.
A maioria dos deputados questionou a participação do Governo do Acre, na realização do evento. Os parlamentares querem que a posição da secretaria de Direitos Humanos seja revisto, assim como os recursos repassados para a realização da parada gay, em Rio Branco.
Ray Melo, da redação de ac24horas – [email protected]