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A batalha dos perdedores

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Conselho editorial de ac24horas


O Brasil, infelizmente, vivencia um momento do qual não resultarão vencedores, independente da votação a ser colhida no painel da Câmara dos Deputados, no próximo domingo, 17.


Ganhando o governo, haveremos de nos deparar com a mesma realidade imposta pela crise econômica e a cisão dos poderes da República. Vitoriosa a oposição, o cenário de retração na economia será o mesmo, apenas com figuras diferentes nos cargos de mando – com o acréscimo da dúvida se serão capazes de driblar os enormes obstáculos impostos pela realidade.

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Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff prometeu um pacto com as forças políticas brasileiras, caso saia vitoriosa do processo de impeachment. Por seu turno, Michel Temer nos acena com a tal Ponte Para o Futuro, com menos Estado a intervir na economia e maior credibilidade para atrair os investimentos. A despeito da boa vontade que ambos tentam demonstrar, os especialistas nos acenam com o pior dos cenários. Os fatos de hoje podem nos custar até duas décadas de atraso.


A realidade se impõe com pequenos ou grandes abalos na vida cotidiana. Amizades se desfizeram na esteira da maior crise política das últimas décadas, como está a confirmar a última pesquisa do instituto Datafolha. Famílias se distanciaram graças ao fervor dos debates. E já não saímos de casa tão confortáveis se vestidos com as cores do inimigo.


Ao contrário do impeachment de Fernando Collor, em 1992, quando havia consenso sobre sua saída da Presidência, nos vemos cingidos agora pelo sentimento de revolta, de um lado, e de subtração, do outro.


O país precisa amadurecer. E não apenas no que diz respeito à atuação e desempenho das instituições, como na cultura de todo um povo. Ideal seria que o processo de impeachment dotasse a cada um dos brasileiros do senso de responsabilidade, a fim de que não tivéssemos mais uma horda formada de injuriados contra o malfeito dos políticos, enquanto no dia a dia mostra pouca disposição para agir com honestidade.


Nossos pecados, afinal, não estão restritos ao que fazem de ruim as autoridades. Estas, ao contrário, são a expressão do que costumamos ser no cotidiano, ao desrespeitar a faixa de pedestre, estacionar na vaga de deficientes e idosos ou fingir que não percebemos ter recebido de troco um dinheirinho a mais.


Não dá pra terceirizar a compostura. E o processo de deposição da presidente Dilma só valerá a pena se tivermos nos apercebido dessa verdade.


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