A missa de corpo presente do padre Paolino Baldassari, realizada neste sábado, 09, na Catedral Nossa Senhora de Nazaré, em Rio Branco (AC), foi sem dúvidas marcada pela emoção. Diversas autoridades participaram da missa, incluindo o governado do Acre, Sebastião Viana.
Sebastião chegou à Catedral sozinho, sem a esposa Marlúcia Cândida ou os filhos. Apenas seguranças o observavam de longe. Viana era um dos políticos mais próximos de Paolino que, numa das últimas aparições públicas, enviou ao governador mensagem desejando um 2016 próspero.
Viana preferiu sentar em meio à multidão que acompanhava a missa. Discretamente, após participar da eucaristia, o governador manteve-se de cabeça baixa, braços entrelaçados e olhos fechados. Além de cantar louvores, rezou. Ao final da cerimonia ele disse o seguinte:
“Tenho certeza que ele é o maior exemplo de vida cristã. Ele só entregou o amor, fez caridade e entregou o amor a todos nós. O governo decreta luto oficial de três dias em respeito a tudo que ele representou ao povo do Acre. É minha referencia cristão, enquanto vivo. El ele, padre Paolino”, comentou o governador.
ENTENDA
O padre Paolino Baldassari, de 90 anos, morreu na tarde desta sexta-feira, 08, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), por falência multipla de órgãos. Paolino deu entrada na unidade hospitalar no dia 28 de março após uma bradicardia, que é o retardamento do ritmo cardíaco abaixo de uma frequência de 60 batimentos por minutos.
Durante a internação, o padre apresentou diversas complicações. Nessa semana, chegou a ser diagnosticado com pneumonia e precisou passar por procedimento de traqueostomia e hemodiálise, sendo esse último feito nesta quinta-feira, dia 7. O padre respirava com a ajuda de aparelhos e passou sedado a maioria dos dias em que permaneceu na UTI.
QUEM FOI PADRE PAOLINO?
Nascido em Bologna, Itália, padre Paolino foi mais que um importante líder religioso do município de Sena Madureira, no Acre. Foi um reconhecido ativista ambiental devido a sua liderança ligada à preocupação da comunidade em relação à preservação das florestas e dos meios de vida tradicionais, como do seringueiro, do castanheiro e do ribeirinho.
Por muitas vezes fez viagens a pé, a cavalo ou barco para levar o evangelho à comunidades isoladas. Antigamente, quando a maioria da população de Sena Madureira morava na zona rural e as distâncias e dificuldades eram maiores, as viagens duravam até seis meses. Padre Paolino chegou a percorrer 300 quilômetros nessas missões e foi acometido 84 vezes por malária. Paolino recebeu muitos prêmios, nacionais e internacionais, em reconhecimento do seu trabalho.
O padre nunca gostou de comemorar o aniversário, celebrado em 2 de abril, por ter sido abandonado pela mãe quando nasceu. Ele foi criado pelo pai e foi ajudado por uma senhora que dava a ele água com açúcar, até que apareceu uma mulher que o amamentou por sete meses. Após o pai casar novamente, ele foi criado pela madrasta que a considera como mãe. “Por isso, digo: eu me arrependo de ter feito o mal, mas não o bem. Eu fiz o bem”, disse o padre em carta enviada à Folha de S Paulo.