Documentos conseguidos pelo repórter Salomão Matos, referentes as investigações feitas pela Policia Federal que culminaram com a Operação G-7, envolvendo mais de 30 pessoas, entre secretários, empresários e funcionários públicos, mostram que o cartel formado na construção civil do Acre é tolerado pelo governo.
Uma conversa interceptada pela Policia Federal mostra o secretário Wolvenar Camargo trocando uma ideia com uma pessoa não identificada, sobre uma obra no valor de cinquenta e um milhões de reais, e que tem a intenção em fazê-la no prazo de 16 meses, eis que tal obra terminaria antes da reeleição do governador. O relatório da Policia Federal não cita, mas claramente fica evidenciado que o secretário quer tirar proveitos políticos para ajudar Sebastião Viana (PT) na sua reeleição.
Nesta conversa Wolvenar cita que é um prazo bastante apertado para a dimensão desta construção, e que seria necessário fazer um esforço enorme para isto acontecer, e que também estaria vendo a empresa que realizará tal obra para poder conseguir.
Ao analisar a conversa, peritos da Policia Federal chegaram a conclusão que o secretário diz claramente que estaria vendo se consegue colocar uma empresa que consiga fazer neste tempo. E que “tal empresa não seria qualquer uma dessas aí que faz”. Camargo diz que tal obra seria (como foi) licitada em no mês de janeiro de 2013, e que a obra, um hospital, ficaria pronta em junho de 2014. A obra acima citada se refere à construção do hospital regional da cidade de Brasiléia/AC, a qual está sendo licitada através da Concorrência nº196/2012.
A respeito deste certame, uma ata informa que a empresa ITASA havia sido inabilitada, e que seu recurso contra esta inabilitação não foi provido. E mais: noticia que a empresa ADDIN apresentou pedido de desistência da proposta de preços. Pelo desenrolar das investigação a Policia Federal chegou a conclusão “o direcionamento para a seleção da empresa vencedora está ocorrendo, tal como já previa o referido Secretário de Estado”.
Para reforçar o descobriu o relatório da PF diz que “foram habilitadas neste certame as empresa ALBUQUERQUE ENGENHARIA, ETENGE, ELEACRE, ADDIN, sendo que o Consórcio Saúde Brasiléia não foi credenciado por haver proibição no edital da participação de consórcio. A proibição da participação de consórcios visou afastar as pequenas empresa, e com a inabilitação da empresa sediada fora do Estado do Acre, ITASA, e a desistência da empresa ADDIN, o certame continuará com as empresas ALBUQUERQUE, ELEACRE (sendo que João Braga é procurador da primeira e Salomão, representante legal da segunda), e ETENGE”.
Ao concluir esta parte da investigação, a Polícia Federal diz que “é necessário dizer que o edital do referido certame previa originariamente a participação de consórcios, o qual foi retificado posteriormente para proibir a participação destes como forma de restringir a concorrência; constatou-se que as empresas Albuquerque e Eleacre são empresas parceiras, e que inclusive Irão construir em parceria casas na Cidade do Povo”.
O mais grave, segundo o relatório, são que os fatos acima indicam que neste certame houve uma simulação de competição entre as empresas envolvidas, eis que também a empresa ETENGE foi citada por ADRIANO em conversas interceptadas como uma empresa que absorveria os lotes da empresa ÁBACO referentes ao Edital de Chamamento nº1/2012 da Secretaria de Habitação de Interesse Social, uma vez que o TCU proibiu a empresa ÁBACO de contratar com o poder público, e como esta empresa já havia sido selecionada, o lote que caberia a ela iria ser executado em nome da empresa ETENGE, o que indica que esta empresa também faz parte do cartel.
Apos certificar-se que o inquérito federal era recheado de provas, a desembargadora Denise Bonfim, do Tribunal de Justiça do Acre, expediu 34 mandados de buscas e apreensões e 15 mandados de prisões.
Veja a lista dos prisos
Carlos Sasai – Empresário, presidente da Federação das Industrias do Estado do Acre
João Francisco Salomão – Empresário, ex-presidente da Federação das Industrias do Estado do Acre
Carlos Afonso Cipriano – Empresário da Construção Civil
Assurbanipal Mesquita – Diretor de Desenvolvimento Urbano da prefeitura de Rio Branco
Jose Adriano – Empresário, proprietário da Mav Construções
Marcelo Chance de Nees – Servidor público
Sergio Nakamura – Ex-diretor do Deracre e empresário da construção Civil
Vladimir Câmara Thomas – Empresário da construção civil
Gildo Cesar Rocha – Diretor do Depasa, amigo pessoa do governador Sebastião Viana
Wolvenar Camargo – Secretário de Obras do Estado
Aurélio Cruz – Ex-secretário de Habitação do Acre
João Braga filho
Narciso Mendes Filho – Empreário da construção civil
Tshuyoshi Murata – Empresário da Construção civil
Thiago Paiva – Diretor de Analise Clínicas da Secretaria Estadual de Saúde
Da redação de ac24horas
Rio Branco-AC