A primeira edição da Exposamba ultrapassou as divisas de São Paulo. Embora os paulistas tenham sido o maior grupo entre os participantes, muita gente de todo o Brasil cruzou o país para participar do evento. Compositores de 23 estados brasileiros e do Distrito Federal se increveram na mostra. Apenas Amapá, Piauí e Roraima não tiveram representantes.
O sambista Brunno Damasceno ficou em quarto lugar na última edição da Exposamba, no voto popular. Ele concorreu com a música “Samba de Break”, segundo ele uma paródia da dança de rua norte-americana.
Ligado à música desde criança, a história do Brunno poderia ser parecida com a de vários outros concorrentes da mostra, não fosse um pequeno detalhe: ele vive em Rio Branco, no Acre.
“Eu moro num lugar muito longe de São Paulo e que não tem tradição no samba. Por isso o resultado foi uma surpresa”, diz ele. Cerca de três mil e quinhentos quilômetros de rodovias separam Rio Branco de São Paulo. Já os voos entre as duas cidades costumam incluir escalas, normalmente em Brasília, o que faz a viagem durar pelo menos cinco horas.
Após a inscrição na mostra, Brunno foi chamado para a primeira fase da pré-seleção, em São Paulo. E ele não contava mesmo com a possibilidade de avançar ainda mais na mostra. “Fui com a passagem de volta para o Acre comprada. Pensei que não ia conseguir competir com tanta gente boa, então fiz a apresentação no sábado e marquei a volta para domingo. Mas acabou que eu fiquei em primeiro lugar nessa seleção”.
Brunno voltou para casa e encontrou seus amigos e conhecidos animados com o resultado. Com isso, ele conseguiu um patrocínio para comprar outra passagem de avião. Uma semana depois estava de novo em São Paulo, e dessa vez preferiu ficar na cidade de uma vez. “Fui passando de fases até chegar à final”, conta.
A grande final chegou, e Brunno não ficou sem torcida só por estar longe de casa. Cerca de 12 pessoas, parentes e amigos, saíram de Rio Branco para acompanhar e torcer por ele. E eles não se decepcionariam, já que Brunno garantiu o quarto lugar. “Quando eu voltei para Rio Branco, o aeroporto estava lotado, muitas pessoas me esperando. Muitas pessoas do Clube do Samba de Rio Branco estavam lá para me ver”.
Brunno vai participar da edição deste ano, até mesmo por pressão dos amigos. “Estão me cobrando na rua. Falam que eu tenho que me inscrever. Eu fiz outro samba de break, no dia da final da última edição. Fiz enquanto eu esperava, no hotel. Meus amigos aqui no Acre adoram esse samba, então pode ser que eu concorra com ele”.
Na última edição os participantes vieram de 113 cidades do país, cinqüenta delas em São Paulo. Do Acre, apenas Rio Branco mandou compositores para a Exposamba.
Rafael Sette Câmara
Do G1 São Paulo