Haitiano e pároco em 16 comunidades de Rio Branco (AC), o missionário católico da Sociedade dos Sacerdotes de São Tiago (SSST), Onac Axenat, se sente “impotente com a falta de atitude” dos governantes de seu país diante da imigração em massa de conterrâneos para o país.
Entre dezembro de 2012 e março deste ano ele visitou o Haiti e conversou com diversas autoridades sobre a ação de coiotes que aliciam no país pessoas para imigrar ilegalmente para o Brasil.
“As autoridades [haitianas] não se manifestam como se [isso] não fosse culpa deles”, disse Axenat.
Nos meses que passou no Haiti, o missionário disse ter visitado cinco cidades. Segundo ele, todas funcionam em aparente normalidade. “Então, essas pessoas vêm de onde?”, questiona o padre haitiano.
Assim que os imigrantes começaram a entrar no Brasil, em 2011, pelos municípios acrianos de Assis Brasil e Brasileia, Onac Axenat disse que ajudava o governo do estado e seus conterrâneos na assistência a essas pessoas.
O problema, acrescentou, é que a imigração não parou mais e todos os dias entram dezenas de haitianos pela fronteira brasileira com o Peru e a Bolívia.
Para ele, os aliciadores haitianos se aproveitam das dificuldades enfrentadas pelos cidadãos mais carentes, maioria da população. “Tem muita gente sem documento, sem nada. Como vão ficar essas pessoas? O país está morto”, relatou o pároco.
O padre foi a primeira pessoa a denunciar o tráfico de haitianos para o Brasil. Em novembro de 2012, em entrevista àAgencia Brasil na capital Rio Branco, ele ressaltou que o alto número de cidadãos do Haiti caracterizaria tráfico de pessoas e não um simples processo migratório.
“Alguns [dos imigrantes] venderam tudo no Haiti. A promessa era de que receberiam salários no Brasil entre US$ 1 mil e US$ 2 mil”, disse na ocasião.
Agência Brasil