Enfermeiro do Caps questiona dados oficiais, mostra que realidade é diferente e garante que falta planejamento para o setor
Jairo Carioca – da redação de ac24horas
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Foto de Capa: Willamis França
Em média dez pedidos de internação compulsória chegam semanalmente ao único Centro de Atenção Psicossocial (Caps ADIII), localizado no bairro Manoel Julião em Rio Branco e nenhuma delas é atendida. As informações repassadas pelo enfermeiro Afonso Diniz Mesquita anulam a informação da estatal de comunicação do governo do Acre que surpreendeu todos, até a secretaria de estado de saúde, ao anunciar instantes depois da Marcha contra o Crack, na última terça-feira (16), investimentos na ordem de R$ 12,5 milhões no combate às drogas no Acre.
Os números anunciados pela estatal não corresponderam a nenhuma outra informação, nem mesmo as que foram repassadas pelo secretário de segurança pública, Renir Greabner, ao repórter Luciano Tavares, depois da boa repercussão da 2ª Marcha Contra o Crack e Outras Drogas, ocorrida sem o apoio e a presença de membros do governo do Acre. Greabner falou de investimentos na ordem de R$ 5 milhões no setor.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da secretaria de estado de saúde tratou de fazer rápida intervenção no material que foi amplamente divulgado e informou a existência de apenas R$ 2,5 milhões para a construção e reforma dos Centros de Atenção Psicossocial em Rio Branco e Cruzeiro do Sul. A assessora técnica do gabinete, Marize Lucena, desfez a informação por telefone, em entrevista à Aldeia FM – do sistema público de comunicação.
A falta de sintonia na comunicação oficial reflete claramente a política de enfrentamento do governo do Acre às drogas em todo o Estado. Como deixou claro na manhã de quinta-feira (18) o enfermeiro Afonso Diniz – que aceitou gravar entrevista – as informações desencontradas mostram também a falta de planejamento.
Reformado desde dezembro de 2010, o Caps localizado no Manoel Julião, em Rio Branco, possui capacidade de internação com oito leitos, sendo dois para atendimento infantil, quatro para homens e dois para mulheres. Embora a procura seja diária, nenhum paciente chegou a ser internado, a secretaria de saúde não autorizou a contratação do pessoal qualificado para o plantão.
Ainda de acordo as informações de Diniz, o centro possui um único clínico geral, que atende durante duas horas. “O médico sai da Urape, chega às duas horas da tarde e quatro horas vai embora”, diz o profissional de saúde.
Conforme a reportagem apurou, neste mês de abril, nenhum acompanhamento psiquiátrico às famílias e pacientes foi feito a quem procura o centro. Segundo o enfermeiro, o médico psiquiatra está de férias.
Ainda segundo ele, nem recursos para oficinas profissionalizantes e terapêuticas existem. “Acabou o material para o curso de marchetaria. Fizemos o pedido, mas é aquela questão, está sem recurso, vamos fazer licitação e a gente precisa desses materiais para dar continuidade a oficina terapêutica”, acrescentou Diniz.
No local onde funciona o Caps em Rio Branco, também não existe nenhuma placa de reforma ou ampliação como informou a estatal de notícias do governador Sebastião Viana.
O OUTRO LADO:
Procurada, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde informou que os recursos para a reforma e ampliação dos Caps de Rio Branco e Cruzeiro do Sul, somam R$ 2,5 milhões e serão utilizados ainda, para construção de mais três Caps, sendo dois em Rio Branco e um na cidade de Brasileia.
Quando os centros forem construídos, a capital passará a atender com dois Caps ADIII – de 24 horas. Com relação ao pessoal qualificado para o plantão no centro que funciona no Manoel Julião, a assessoria informou que já existe processo de contratação com base na classificação do último concurso simplificado feito pela Secretaria de Estado de Saúde.
POLÍTICA NACIONAL CONTRA O CRACK
O Plano Nacional de Combate ao Crack foi lançado no Acre, dia 28 de maio de 2012, com a presença da secretaria nacional de segurança pública, Regina Miki.