A jovem Katrine Ferreira, de 20 anos, diagnosticada com câncer na garganta, ainda não teve a cirurgia garantida pelo governo do Acre. Ela aguarda, desde agosto, celeridade do setor de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). Desde a semana passada, o órgão descumpre ordem judicial que determinava a viabilização do tratamento fora do estado.
Segundo especialistas, a jovem precisa viajar porque não há, no Acre, um aparelho chamado “monitor de nervos”, necessário para o procedimento cirúrgico a que ela deve ser submetida. Katrine é portadora de carcinoma papilífero, uma doença caracterizada entre 80% e 86% dos casos de câncer na tireoide.
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Entre os tumores em geral, o carcinoma é o quinto mais frequente nas mulheres brasileiras, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). De fato, esse tipo aparece atrás apenas do de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto. Na sequência, vêm os de pulmão, estômago e ovário.
Há menos de duas semanas, o ac24horas noticiou a demora a que Katrine que sido obrigada a viver. Quando mais tempo demorar para que o tratamento seja garantido fora do estado do Acre, mais a jovem corre o risco de perder a voz.
A mãe da jovem, Chagas Souza, já procurou o Judiciário, Ministério Público (MP) e até Defensoria Pública da União (DPU), mas, em todas as instituições, não conseguiu solução para o problema, e a espera fica cada vez maior.
“De lá para cá temos tido uma luta constante. Em 2014, fizemos um exame de rotina, e detectamos nódulos nas cordas vocais dela. Depois disso, fizeram biopsias, mas, nesse primeiro momento, o médico avaliou e não apontou o câncer”, conta.
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) garantiu à reportagem que está tentando, de todas as formas, garantir o atendimento, mas que, até a quinta-feira, 14, ainda não havia nenhum acordo para garantir a transferência da jovem. Ainda segundo a pasta, no Acre as condições de realizar a cirurgia são semelhantes a grandes centros, que também não possuem o aparelho.
No primeiro momento, a Sesacre afirmou ter feito várias tentativas para transferir a moça, mas em nenhuma obteve êxito. Entre os hospitais que teriam se negado a atender a paciente estão o Hospital do Câncer de Barretos e, ainda, o A.C. Camargo Câncer Center, ambos no Estado de São Paulo, centros-referência para tratamento da doença. A Secretaria alegou que foi comunicada, por telefone, sobre a não possibilidade de recebimento da jovem, visto que ela já havia iniciado tratamento em outros centros de saúde.
Segundo o Hospital do Câncer de Barretos (HCB), a informação repassada pelo governo acreano é leviana. A instituição informou que nunca se recusa a receber pacientes e que não há nenhum protocolo de solicitação da vaga em uma das unidades do hospital. Após tomar ciência da situação da paciente, o HCB se colocou a disposição para realizar o tratamento de Katrine.
Outro hospital que negou ter negativado a transferência da jovem acreana foi o A.C Camargo. Segundo o centro médico, também não há nenhuma pedido de transferência protocolado pela Secretaria de Saúde do Acre e toda e qualquer informação cuja comprovação não seja feita, não existe.
*NOTA DA REDAÇÃO: O portal vai continuar acompanhando o caso, como vem fazendo desde o mês de agosto, tempo em que a paciente iniciou tratamento na rede pública de saúde do Acre.