Na manhã do dia dedicado ao ritual de homenagens aos mortos, muitas desempregados ainda ofereciam seus serviços no cemitério São João Batista. A maioria das pessoas que caminhavam com baldes, panos, tinta e enxadas reclamam da falta de postos de trabalho e vêem em datas como o Dia de Finados, a oportunidade de levar algum dinheiro para casa.
Este ano, muitos dos trabalhadores que oferecem serviços, são jovens de 16 a 25 anos. As irmãs Claudia, 17 anos e Fernanda 21, que residem no bairro Belo Jardim, fazem parte do exercito de jovens de baixa renda que prestavam serviços no principal cemitério de Rio Branco.
As irmãs relatam que resolveram trabalhar no Dia de Finados, para tentar ajudar o pai, um pedreiro de 55 anos, que está desempregado e vivendo de pequenos serviços. “Esperamos levar pelo menos R$ 50 – para casa. As dificuldades são muitas, não temos emprego e nosso pai mantém a famílias, fazendo bicos”, diz Fernanda.
As histórias de vida das pessoas que trabalham no cemitério são tocantes. A desempregada, Maria das Dores, 44 anos, que trabalha em companhia de uma filha, destacou que em três dias que antecederam o Dia de Finados teria ganhado R$ 80 – e espera no dia de hoje, levar pelo menos R$ 50 – para ajudar na alimentação de sua família.
O grande número de desempregados que tentavam ganhar alguns trocados, não estava apenas no interior do São João Batista. Na parte externa do cemitério, a polícia de trânsito isolou a rua minas Gerais, em toda extensão do cemitério para alojar os ambulantes, que vendiam da vela a moldura de cobre para fotos.
A aglomeração de ambulantes ocupava grande espaço nas três entradas do cemitério. Os organizadores do evento, não deram o número exato de ambulantes, mas calculam que mais de 100 pessoas estariam trabalhando com vendas de algum tipo de produto nas áreas próximas ao cemitério.
Ray Melo, da redação de ac24horas – [email protected]
