O projeto Ciliar Só-Rio Acre, desenvolvido pelos bolsistas do curso de engenharia florestal da Universidade Federal do Acre, Alana Chocorosqui e Antônio Talysson, revela que o elevado grau de desmatamento e degradação florestal se formou em reservas como a Chico Mendes e em projetos de Assentamentos do INCRA situados nos municípios banhados pelo Rio em toda extensão desde a fronteira com o Peru até o município de Rio Branco.
O projeto é uma proposta para Revitalização do Rio Acre e foi aprovado no edital do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT e os Fundos Setoriais do Agronegócio e de Recursos Hídricos, por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Com a proposta debaixo do braço, Chocorosqui busca apoio nas Câmaras Municipais dos municípios de Brasileia, Epitaciolândia, Xapuri, Capixaba, Senador Guiomard Porto Acre e Rio Branco. A Câmara de Rio Branco foi a última a receber cópia da Lei que define a largura e cria o Programa Municipal de Restauração Florestal da Mata Ciliar do Rio Acre.
– Estou voltando depois da próxima terça-feira nos municípios de Senador Guiomard e Porto Acre para ver os resultados dos trabalhos apresentados nestas cidades. A partir do momento em que os outros parlamentos forem completando dez sessões após a entrega da minuta de lei, nós também estaremos voltando e cobrando implementações – disse Chocorosqui.
A equipe sonha em ver reflorestadas as vinte espécies de maior valor e importância da mata ciliar da bacia hidrográfica do Rio Acre retirada de forma criminosa das margens do rio. Os maiores impactos estão registrados dentro das maiores reservas ambientais do Estado, entre elas, a Chico Mendes, onde se calcula que 395 hectares da área de maior devastação tenham sido explorados entre os municípios de Brasileia, Xapuri e Epitaciolândia. “Isso não representa a área total devastada, apenas a de maior impacto”, explicou a bolsista.
Ou seja, o buraco é muito maior. Ainda em Brasileia, no projeto de assentamento do Quixadá, 268 hectares foram devastados e são apresentados como pontos mais criticos. Em Assis Brasil o assentamento Paraguassu (sic) desmatou cerca de 56 hectares. Na região de assentamentos do governo federal, o PAD Humaitá em Porto Acre foi responsável pela devastação de 117 hectares. O município que mais devastou as matas ciliares do Rio Acre foi o de Capixaba. 557 hectares. Em Rio Branco, o trecho mais critico tem 44 hectares.
– Nosso objetivo é contribuir para a melhoria da qualidade de vida das populações extrativistas e agricultores familiares ribeirinhas, por meio da recuperação das características ambientais da Bacia Hidrográfica do Rio Acre – acrescentou Chocorosqui.
Conflitando com toda organização do projeto, entregue aos parlamentos com material bem impresso e com informações de checagem no campo das tipologias florestais das imagens feitas por satélite, mapa com tipologias florestais e ação antrópica, inventário florestal e até o cálculo da largura da mata ciliar, estão às garantias dadas pelos setores ambientais para a terceira etapa do estudo, onde em tese, devem ser plantadas as espécies retiradas durante décadas pelo homem. A secretaria executiva de florestas do Acre, por exemplo, enviou ofício solicitando informações ao Viveiro da Floresta, sobre a existência de mudas das espécies catalogadas. O projeto também está na mesa da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – SEME.
Jairo Carioca – da redação de ac24horas
[email protected]