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A imponente Serra do Divisor: seu povo, atrativos e a enganação dos governos

Cachoeira do Ar-Condicionado na Serra do Divisor
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Luciano Tavares – da redação de ac24horas
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Cachoeira do Ar-Condicionado na Serra do Divisor

O Parque Nacional da Serra do Divisor possui belezas e curiosidades peculiares.

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Ac24horas percorreu o rio Môa até a última fronteira estrangeira do Acre, a Serra do Divisor, e conheceu de perto o povo, as práticas e as belezas daquela que é considerada a região mais bela do Acre, localizada no extremo noroeste do Brasil.


A viagem começou pelas escuras águas do rio Japiim, em Mancio Lima, um belo cartão da natureza na densa floresta Amazônica.


O Parque Nacional da Serra do Divisor, com seus 843 mil hectares, têm seu marco inicial na confluência dos rios Môa e Azul


Nesta época do ano os rios amazônicos estão em seu período de cheia, para navegação um ótimo convite, mas também uma ameaça por causa dos riscos de alagamento.


No Parque Nacional da Serra do Divisor, o rio é a única via de acesso para a cidade. As embarcações de madeira de grande porte, conhecidas como baleeiras e batelões, com suas coberturas, servem para proteger da chuva. Nessas embarcações também são transportadas mercadorias.


Canoas e cascos, barcos menores, são bem mais comuns e também servem como transporte, principalmente na época em que o rio está seco.


Até a Serra são encontradas inúmeras comunidades. Dentro do Parque existem aproximadamente 73 povoados, entre índios e brancos. Algumas delas existentes na beira dos rios. Outras em locais conhecidos como centros, um pouco mais longe dos mananciais, criadas para se proteger das enchentes.


Antes de chegar a Serra é possível de longe avistar seu topo mais alto, de 609 metros. A comunidade do Pé da Serra é a mais isolada do Parque. É a última do ponto mais ocidental do Brasil, e como o próprio nome sugere o povoado com cerca de 30 famílias está localizado bem no pé da Serra do Divisor. No Brasil, a cadeia de montanhas também é conhecida como Serra do Môa.  No Peru recebe o nome de Cotamana.


A viagem até o local, saindo do Japiim, em Mancio Lima, dura entre cinco e sete horas, dependendo da potência do motor.


A comunidade do Pé da Serra é a guardiã das riquezas da cordilheira. Riquezas da fauna e flora que colocam a Serra do Môa como o ponto de maior biodiversidade da Amazônia e um dos maiores do mundo.


A cachoeira Formosa é uma das mais belas da Serra

Caldeira usada na prospecção de petróleo da Petrobrás que deu origem em 1934 ao Buraco da Central

As belezas naturais da Serra


Inúmeras cachoeiras, corredeiras, piscinas de água natural e quedas d’água fazem da Serra o lugar mais belo do Acre.

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Da cadeia montanhosa jorram mananciais de água cristalina, que aos poucos vão ficando amarelas, devido à influência dos buritizais, espécie de grande ocorrência ao longo de toda cordilheira.


De um lado e outro a Serra abre passagem para o rio Môa, que passa por entre barreiras de pedra.


Entre as inúmeras cachoeiras as mais conhecidas são a do Buraco Central, a do Amor, Ar-Condicionado, Formosa e cachoeira grande.


Pedras no rio Môa na chegada ao pé da Serra do Divisor

A cocheira do Buraco Central é de fácil acesso dentro da Serra. Fica na margem do rio. Ela surgiu pela ação do homem, após uma prospecção de petróleo feita pela Petrobrás em 1934.


No local foi feita uma perfuração de aproximadamente 700 metros, na busca de petróleo, mas que deu origem a uma espécie de olho d’água gigante que nunca para de jorrar água. A caldeira usada para prospecção até hoje se encontra no local.


O ambientalista autodidata Leoncio Cerqueira trabalhou durante nove anos na Serra para a ONG SOS Amazônia, como guia e mateiro. Segundo ele, a água que sai do Buraco da Central contém enxofre e é medicinal. “É uma água agradável, e que além de agradável cura problemas de pele”, diz.


Um pouco mais acima fica a cachoeira do Ar-Condicionado. Para chegar até lá é preciso caminhar por uma trilha por cerca de dez minutos. Diferente da água morna do Buraco da Central, a cachoeira do Ar-Condicionado possui uma água fria que vem do topo da montanha.


Quando cai, a água gera uma corrente de ar frio no local. Daí o nome de Ar-Condicionado, dado a cachoeira.


A cachoeira Formosa é sem dúvida uma das mais belas da Serra. Ela possui três quedas d’água, cada um com cerca de três metros de largura.


A beleza se completa com a formação de uma piscina natural de águas escuras no pé da cachoeira.


Para visitá-la é preciso um pouco mais de tempo. São seis horas por uma trilha na floresta até o local.


Outro grande atrativo é o Mirante da Serra, de onde é possível avistar o rio Môa e uma grande planície do Parque do Divisor. A viagem até o topo do Mirante, dependendo do preparo físico de quem se dispõe a se aventurar é de até 50 minutos.


Cachoeira do Buraco Central, um dos pontos mais procurados pelos turistas

 


O turismo na Serra, a enganação do governo e ausência dos governantes  


Para visitar a Serra do Divisor é preciso primeiro estar autorizado pelo Ibama.


Não há nenhum cronograma de visitação turística ao local. Há três anos, desde a época em que Cassiano Marques era secretário de turismo do Acre, o governo promete colocar em prática um projeto de pacote ecoturístico na Serra.


O projeto está orçado no valor de R$ 2,8 milhões, e contempla a criação de trilhas, construção de uma pousada e um mirante, mas até hoje nada foi colocado em prática.


Embarcação usada pelos moradores do Parque Nacional da Serra do Divisor

Quem mora na comunidade do Pé da Serra se sente enganado pelo governo por causa das inúmeras promessas não cumpridas.


Para os moradores um projeto dessa envergadura seria uma redenção econômica.


A última promessa foi feita em julho do ano passado. “A dona Ilmara (secretária de turismo do governo) esteve aqui. Ela prometeu esse projeto que ninguém nunca viu ser colocado em prática. Disseram que era de R$ 2,8 milhões. Eu fiz até uns investimentos na pousada, mas não veio nada”, diz o senhor Miro Magalhães, que tem uma pequena pousada no local.


 


Miro Magalhães tem uma pousada na Serra_ ele cobra a promessa do governo de fazer do lugar local para visitação

Os moradores da Serra também reclamam a ausência dos governantes na Serra. “O último governador que veio aqui foi o Jorge Viana, e foi de helicóptero. Ele desceu ali na praia por dez minutos com o Edvaldo Magalhães. Isso ta com oito anos. Prometeu posto de saúde, escola, um monte de coisa e ninguém nunca viu nada”, revelam os moradores.


Em dois anos de governo, Sebastião Viana, que se gaba ter feito 200 viagens pelo Acre nunca pisou na Serra.


A secretária de turismo do Acre, Ilmara Cordeiro, revelou ao ac24horas que realmente há um projeto de turismo para a Serra do Divisor.


“Temos um projeto, que realmente é de R$ 2,8 milhões. Não há promessas. Há um projeto e a gente ta buscando captar esses recursos”, completou Ilmara.


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