Rio Branco, Brasileia, Acrelândia, Epitaciolândia, Assis Brasil e Cruzeiro do Sul estão na lista dos municípios com maior consumo de crack no Estado do Acre. Das quatro cidades que fazem fronteira com os países do Peru e da Bolívia – por onde passa 57% do crack produzido para o mundo – apenas Brasileia e Cruzeiro do Sul possuem programa de combate à droga. O governo já recebeu mais de R$ 13 milhões para o combate ao tráfico de fronteira, mas não se sabe quantos usuários de crack existem no Estado. ac24horas teve acesso a informações do Departamento de Policia Federal que confirmam: a droga proveniente do Peru passa pelo Acre.
Outras quatro cidades: Porto Acre, Feijó, Xapuri e Plácido de Castro [esta última também de fronteira] já avançaram da categoria de baixo para médio consumo de crack. Onde não existiam notícias do uso da droga, nos municípios de Tarauacá e Manoel Urbano [região central do Estado], as cidades já têm viciados. Mesmo assim, apenas a cidade de Plácido de Castro possui programa de combate ao crack. As demais informaram dificuldades para implantar até mesmo o Conselho Tutelar.
A situação pode se agravar quando as cidades de Marechal Thaumaturgo, Rodrigues Alves, Santa Rosa e Sena Madureira enviarem seus relatórios. Os prefeitos ainda não responderam ao estudo que vem sendo feito pelo governo federal.
A ROTA DO CRACK NO ACRE E NO BRASIL
Segundo o departamento de Policia Federal, a droga proveniente do Peru passa pelo Acre, Amazonas e Roraima. Peru e Bolívia utilizam ainda o Pantanal, nesta rota a droga é levada de avião até Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Dessas regiões de fronteira a droga chega através de portos e aeroportos para mercados externos, principalmente Europa e Estados Unidos. A Colômbia que produz 43% da pasta à base de cocaína utiliza o Paraguai para expandir seu consumo.
Embora seja um portal de entrada da pasta à base de cocaína [principal matéria prima para produção do crack], ainda não se tem informações da produção no Acre. No mercado interno, os laboratórios clandestinos foram localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul.
ACRE JÁ RECEBEU R$ 13 MILHÕES PARA O FORTALECIMENTO DE FRONTEIRAS
Segundo dados do Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), o Estado do Acre já recebeu R$ 13 milhões do convênio para execução de metas previstas na Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras (Enafron). Os últimos recursos liberados desse montante foram anunciados pelo próprio secretário de segurança do Estado, Renir Greabner (FOTO) em entrevista nesta semana, em Rio Branco.
Também esta semana, o Estado anunciou ações pontuais de combate ao crack. Uma delas é de intervenções no bairro Dom Giocondo e Preventório, onde existe o maior consumo da droga na capital. Para a região estão previstas ações de saúde e assistência social. Tudo para diminuir a incidência do tráfico.
Para as fronteiras, o governo afirma que tem um projeto que inclui o reaparelhamento dos centros e postos integrados de segurança pública e fiscalização, e unidades policiais nos municípios fronteiriços. Greabner anunciou, ainda, a entrega no final do ano, de barcos, equipamentos eletrônicos e veículos para ajudar as delegacias de fronteira nas estratégias de inteligência e crimes em vias fluviais.
De acordo com informações da estatal Agência de Notícias do Acre, os municípios de Brasileia, Cruzeiro do Sul, Sena Madureira e Plácido de Castro, serão contemplados na estruturação de unidades policiais para atuação em vias fluviais em Cruzeiro, Sena Madureira e Plácido; e ainda no fortalecimento da inteligência de segurança pública em Assis Brasil, Brasileira, Capixaba, Cruzeiro do Sul, Feijó, Sena Madureira e Plácido de Castro.
PROGRAMA RECEBE CRÍTICAS
A implantação de um sistema de informação que indique o quantitativo de usuários de crack foi defendida pelo subsecretário de Políticas sobre Drogas do Estado de Minas Gerais, Cloves Benevides, no Seminário Nacional de Políticas sobre Drogas. No evento, realizado na Câmara dos Deputados, Benevides apontou que a política tem baixa institucionalização e fundo financeiro com execução tímida.
No Acre, as organizações que trabalham projetos de combate ao consumo de crack não sabem quantos usuários existem em todo o Estado.
Jairo Carioca – especial para o ac24horas