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Interlocução

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Originalmente, o termo “interlocução” significava a existência de um diálogo. Depois, com o passar do tempo, estendeu-se o significado da palavra para toda e qualquer forma de interação e comunicação entre vários sujeitos. Exatamente o que aconteceu comigo e alguns chegados, a partir das linhas da minha última crônica.


Na crônica, intitulada “Desfecho”, eu tecia considerações sobre a falta de público no campeonato acreano recém-findo. E elencava, meio que aleatoriamente, uma série de motivos supostamente responsáveis pelo desinteresse dos torcedores. Foi o suficiente para gente do mais alto gabarito entrar na discussão. Casos do Arnaldo Moreira, do Marcel Santos, do Henry Conde e do Paulo Roberto Oliveira.


Para o Arnaldo Moreira, o problema é conjuntural (ele não disse exatamente isso, mas eu faço uma espécie de tradução livre das palavras dele), atingindo o país como um todo, não poupando nem os times que disputam a série A do campeonato nacional. E ainda mais: não poupando sequer a seleção brasileira, que há muito deixou de dar espetáculo. Dá pra contestar o Arnaldo? Eu acho que não. Tá na cara!

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No dizer do Marcel Santos, que focou seu comentário especificamente na realidade regional, o que tem faltado para levar o público aos jogos do campeonato estadual é mais profissionalismo, principalmente da parte dos dirigentes do futebol acreano. E cita como exemplo o fato insólito do Alto Acre ir a campo disputar um jogo oficial com apenas um reserva. Também incontestável o argumento do Marcel!


Já o entendimento do Henry Conde é o de que o futebol deixou há muito de ser o esporte principal do povo brasileiro. E que são tantos os confortos disponíveis nas casas da maioria das pessoas (televisores de plasma, cervejas artesanais, possibilidade de ver os melhores jogadores do planeta a um toque de controle remoto) que só mesmo sendo muito fanático para deslocar-se até um estádio. Sem chance de réplica!


Enquanto isso, o Paulo Roberto de Oliveira, ex-jogador de Rio Branco, Independência e Juventus, técnico de futebol e comentarista esportivo, expressou a ideia de que tudo pode vir a melhorar, mas para isso os clubes precisam adquirir estruturas financeiras que os tornem autossustentáveis. Se isso acontecer, explicou o Paulo Roberto, poderá sim haver um progresso tanto tático quanto técnico e físico.


Se a gente for analisar os cinco discursos (o meu na crônica passada e o dos quatro interlocutores), vai chegar à conclusão de que todos convergem para um mesmo ponto: tá feia a coisa! Aqui, ali e acolá, regional ou nacionalmente falando, ninguém está satisfeito com o que vê, em termos de futebol. A gente assiste (e discute e comenta e se emociona) de teimoso, porque não se pode mudar a própria essência…


De qualquer forma, eu acho que do fundo do poço ninguém passa. Pra mim, ainda chegará o dia em que a seleção brasileira voltará a ser espetacular e os estádios acreanos se encherão de torcedores. E se isso não acontecer? Aí só restará a mim e aos meus interlocutores seguirmos trocando umas boas ideias por aí. Pelo menos isso!


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