PATRÍCIA EMILIANO
Há poucos anos, ir para o exterior, tentar ganhar dinheiro e, depois, retornar ao Brasil, era o sonho de muitos brasileiros que buscavam proporcionar uma vida melhor para a família. Hoje, a realidade é inversa. Com o fortalecimento da economia brasileira, são os estrangeiros que desembarcam, cada vez mais, em terras tupiniquins, com os mesmos objetivos que motivavam os brasileiros no passado.
Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), foram concedidas autorizações para 70.500 estrangeiros trabalharem no Brasil em 2011, o que representa um crescimento de 25,9% em relação ao ano anterior (56 mil autorizações). Os dados levam em conta autorizações concedidas pelo Conselho Nacional de Imigração (CNig). Do total de autorizações concedidas no ano passado, 66.700 foram temporárias, com estada entre 90 dias e dois anos, e em torno de 3.800 de caráter permanente.
O haitiano Inez Jean, 33, engrossa essa lista. Ele está em Itabira há nove meses. A viagem para chegar ao Brasil durou cerca de 60 dias. De navio, foi da República Dominicana ao Equador. Em seguida, partiu de ônibus para o Peru, até chegar ao Acre. O estímulo para tanto sacrifício veio após o terremoto que devastou seu país, em janeiro de 2010. Casado e pai de três filhos, Inez inicia no Brasil seu recomeço. “Fui para o Acre porque lá estavam contratando haitianos como mão de obra. Estávamos passando dificuldade em meu país. Então, junto com outros haitianos, resolvi entrar num navio e vir para cá”, relembra.
Inez chegou a Itabira com a ajuda do empresário Ancelmo José Vieira. Seu irmão, Mário Lúcio Vieira, 47, proprietário do lava-jato em que o imigrante trabalha, diz que Ancelmo resolveu ir ao Acre depois de saber da grande quantidade de haitianos procurando emprego no estado. O empresário do ramo de construção, depois de entrar em contato com a embaixada do Haiti, foi pessoalmente ao Acre recrutar a mão de obra, já que em Itabira ela é escassa, com a demanda bem maior do que a oferta. Continue lendo AQUI