Um simples aperto de mãos durante o congresso em que os delegados da Federação Internacional de Futebol (Fifa) escolhem quem vai presidir a entidade pelos próximos quatro anos desviou, por alguns instantes, a atenção mundial das denúncias de corrupção que envolvem alguns dos principais dirigentes da entidade.
Durante um instante, os presidentes das federações de Futebol da Palestina, Jibril Rajoub, e de Israel, Ofer Eini, estiveram frente à frente e se cumprimentaram com um aperto de mãos. Devido ao conflito histórico entre árabes e judeus e às recentes críticas da federação palestina à sua similar israelense, o cumprimento chamou a atenção dos demais participantes do evento, que aplaudiram entusiasticamente o gesto dos dois dirigentes esportivos.
Até poucas horas antes, a delegação palestina pedia que, durante o congresso – que ocorre em um hotel de Zurique, na Suíça, – os delegados da Fifa suspendessem Israel de competições internacionais de futebol devido às restrições à livre movimentação de atletas palestinos. Na última hora, no entanto, Rajoub retirou o pedido da pauta, alegando que, se aceito, traria prejuízos ao futebol.
Em compensação, o presidente da federação palestina propôs a criação de um comitê internacional responsável por monitorar a liberdade dos jogadores árabes. Colocada em votação pelo presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter – que disputa seu quinto mandato para comandar a entidade –, a proposta foi aprovada pela maioria dos delegados.
“Trabalharemos juntos”, disse, em resposta, da tribuna do congresso, o presidente da federação de Israel pouco antes de se dirigir ao responsável palestino para cumprimentá-lo. Ao discursar, Eini chegou a comentar a possibilidade de arábes e palestinos trabalharem em conjunto para erradicar os problemas existentes na região e garantir condições dignas para os jogadores.
O 65º Congresso da Fifa ocorre em meio ocorre em meio às investigações que, durante a semana, levou a polícia suíça, a pedido da Justiça dos Estados Unidos, a prender oito dirigentes da Fifa, acusados de cobrar propina para negociar direitos de transmissão de eventos organizados pela Fifa e a escolha dos países-sede das duas próximas copas do Mundo (Rússia, 2018, e Catar, 2022). Entre os investigados presos na última quarta-feira (27), está o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin. Entre os vários campeonatos em cuja organização o Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirma ter encontrado indícios de irregularidade está a Copa do Brasil – campeonato organizado pela CBF e disputado entre clubes de todo o país.