No final do mês passado, quando anunciava novas medidas de seu ajuste fiscal, ele usou expressões duras contra o programa lançado no primeiro mandato para desonerar a folha de pagamento.
Na ocasião, ele disse a jornalistas que as medidas anteriores foram grosseiras, uma “brincadeira” que havia custado caro aos cofres brasileiros e que não tinha gerado resultado equivalente na proteção dos empregos.
Dias depois, recebeu um puxão de orelha da presidente, que disse a jornalistas ter considerado infelizes as declarações do ministro.
APRENDIZADO
Na terça passada (24), o contexto da afirmação foram observações já reiteradas nos últimos meses por Levy sobre a condução da política econômica no primeiro mandato. Ele descreveu o governo como “ciente dos erros cometidos” e em consenso sobre a necessidade de mudanças. Citou um “processo de aprendizado” e disse que há vigilância para evitar novos equívocos.
A pergunta da plateia que levou o ministro a mencionar a presidente abordou as mudanças em curso e a equipe do Fazenda.
Em eventos recentes com empresários, o discurso do ministro em defesa do ajuste fiscal têm passado pelo que ele se refere como erros do passado. Em palestra a executivos de multinacionais há um mês, Levy chegou a dizer que o país deu uma “escorregadazinha” no campo fiscal, mas que a responsabilidade nas contas públicas foi retomada.
O vocabulário usado por ele costuma carregar ironias, como em recente entrevista à Folha, quando defendeu as medidas adotadas fazendo comparação indireta com o regime que fez a presidente perder peso. No evento de terça, fez gargalhar a plateia ao se referir aos congressistas como “novos amigos”.