O Conselho Federal de Medicina (CFM) juntamente com os Conselhos Regionais de Medicina do Brasil (CRMs) publicaram, na quarta-feira (8), nota oficial lamentando e discordando das declarações da secretária de saúde do Acre, Suely Melo, que chamou a categoria médica de mercenária em entrevista do Programa Tribuna Livre, vinculado na TV Rio Branco, no dia 21 de janeiro.
A rede conselhal repudiou a “tentativa de jogar sobre os médicos a culpa e responsabilidade das mazelas que a população brasileira sofre no dia a dia quando procura atendimento na saúde pública”. Para os conselhos de medicina, as deficiências da saúde pública brasileira não são de responsabilidade dos médicos.
NOTA OFICIAL DO CFM E CONSELHOS DE MEDICINA DO BRASIL
O CFM e os conselhos de medicina do Brasil, reunidos na sede do CFM em Brasília, vem a público lamentar e discordar das infelizes declarações da secretária de saúde do Acre, a Sra. Suely Melo.
As deficiências da saúde pública brasileira não são de responsabilidade dos médicos, que se dedicam a atender a população mesmo em péssimas condições de trabalho e baixa remuneração, mas sim são conseqüências do sub-financiamento do SUS e da má gestão por administradores incompetentes.
Repudiamos a tentativa de jogar sobre os médicos a culpa e responsabilidade das mazelas que a população brasileira sofre no dia a dia quando procura atendimento na saúde pública.
Conforme já demonstrado em recente trabalho publicado pelo CFM, a dificuldade de contratação de médicos no serviço público não significa a falta de médicos ou porque os médicos sejam “mercenários”, conforme declarou a Sra. secretária, mas sim indica a falta de uma política que permita a colocação de médicos em locais de difícil acesso, com condições de trabalho, remuneração compatível com a responsabilidade e formação do medico e – principalmente – com a criação de uma carreira de estado para os médicos do SUS.
Apelamos ao médico Dr. Tião Viana, que bem conhece os problemas da saúde pública brasileira, que solicite à sua secretária de saúde uma retratação e um pedido de desculpa aos médicos brasileiros, em especial aos médicos do Acre, e que ela passe a se preocupar com as importantes e ainda não resolvidas questões da saúde do Estado do Acre.
BRASILIA, 07/02/2012
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
CONSELHOS REGIONAIS DE MEDICINA