O Superior Tribunal de Justiça (STJ) marcou para o dia 19 de novembro o julgamento do governador do Acre, Gladson Cameli (PP), em ação penal que investiga fraudes em licitação, desvio de recursos públicos e formação de organização criminosa. O assunto foi tema da edição desta sexta-feira, 31, do programa Boa Conversa, apresentado pelos jornalistas Astério Moreira e Marcos Venícius.
Durante o programa, Marcos Venícius destacou a importância política do julgamento para o cenário estadual. “Tudo depende dessa ação, desse processo”, pontuou o jornalista, ao comentar o posicionamento de parlamentares na Assembleia Legislativa.
Astério Moreira, por sua vez, fez uma análise sobre o comportamento do governador diante das investigações. “O Gladson não tem aquele problema que a maioria das pessoas tem hoje, que é a ansiedade. Ele vive o momento. Se naquele momento ele pode ser feliz, ele é. Lá na frente, pensa em outras possibilidades. Desde o primeiro dia da Pilomeu ele toca a vida assim. Ficou assustado, mas percebeu que tinha que continuar”, avaliou o jornalista.
Astério também revelou informações sobre as movimentações políticas do governador. “Foi o Gladson quem fechou o compromisso com o MDB. Soube disso pela direção do PT”, afirmou.
Sobre a criação do cargo de secretário adjunto de Turismo, Astério afirmou que todo cargo comissionado é político. “É político, mas pode ser ocupado por uma pessoa técnica de um partido.”

Foto: Iago Nascimento
Durante o programa Boa Conversa, os jornalistas Astério Moreira e Marcos Venícius analisaram o cenário político no Acre e a disputa pelo Senado Federal nas eleições de 2026. Segundo eles, há um descompasso entre o apoio que os pré-candidatos acreditam ter e a realidade política atual. “Alguém vai ser enganado, e não é só na corrida para o Senado. O que está acontecendo é reflexo da última eleição, quando houve coligações partidárias que hoje já não se sustentam. Em Feijó, por exemplo, a Secretaria de Agricultura trabalha para um candidato, e isso mostra que um prefeito não vai definir sozinho quem terá apoio”, avaliou Astério Moreira.
Já o jornalista Marcos Venícius destacou a mudança de tom entre lideranças de direita no Acre e comentou a estratégia de Tião Bocalom e Márcio Bittar. “O discurso mudou. Hoje, apenas Bocalom e Márcio mantêm o alinhamento direto com Bolsonaro. O restante já se reposicionou. Agora, o eleitor bolsonarista é o mesmo de antes? Há setores da direita que estão apoiando Alan e Mailza, segundo as pesquisas mais recentes”, observou.
O jornalista Astério Moreira comentou a recente reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, destacando que os erros cometidos pela direita brasileira contribuíram para fortalecer o governo petista. Segundo Moreira, há poucos meses seria impensável afirmar que Lula teria condições de buscar um segundo mandato com chances reais de vitória. “Há meses atrás, ninguém teria coragem de dizer, aqui no Acre, que se Lula conquistasse um segundo mandato, ele poderia se tornar uma ponte de ligação entre o governo federal e o Acre — seja com Mailza, Alan ou Bocalom. Mas a direita cometeu uma série de equívocos, e isso deu ao Lula a possibilidade real de reeleição”, avaliou.
O jornalista ressaltou ainda que, no cenário atual, Lula aparece fortalecido politicamente. “Hoje ele pode afirmar que, sendo reeleito, poderá ajudar o Acre como mediador e articulador político. Antes, isso seria impossível, porque Lula estava mal nas pesquisas, sem condições de vitória. Agora, com o desgaste da direita, há até quem aposte que ele possa vencer no primeiro turno”, concluiu Moreira.
O ex-governador e presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, fez uma revelação ao jornalista Astério Moreira durante conversa recente, destacando que pretende ser o elo entre o Acre e o governo federal. Viana avalia que o atual momento político nacional favorece sua candidatura e acredita que a entrada de Eduardo Veloso na disputa pode reduzir a base eleitoral da deputada federal Mara Rocha. “Ele disse que o Eduardo tira votos da Mara. Então, aquilo que a gente previa — a Mara colada no Alan — se confirma nas pesquisas qualitativas, onde ela aparece bem posicionada. Mas o Márcio (Bittar) também é afetado. Ele acha que essa divisão da direita vai favorecer sua candidatura”, explicou Moreira ao relatar a fala de Viana.

Foto: Iago Nascimento
Segundo o jornalista, Viana acredita que o bom momento vivido pelo presidente Lula pode impulsionar seu desempenho no Acre. “Ele acredita que Lula deve alcançar cerca de 35% dos votos no estado e quer colar sua candidatura a esse prestígio. Na visão dele, com esse cenário, ele tem chances reais, com 27% para cima. Viana aposta que, sendo eleito senador, poderá ajudar o Acre, contando com a reeleição de Lula”, completou Moreira.
Moreira comentou sobre a crise dentro da direita após uma postagem polêmica de Eduardo Bolsonaro. Segundo ele, a publicação — originalmente feita por Carlos Bolsonaro e repostada pelo irmão — chamou de “ratos” alguns governadores aliados, como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior. “O Carlos fez e o Eduardo repostou, chamando os governadores de ratos. O rato chamou o rato de rato, cara. Isso é muito complicado. E ninguém esquece”, afirmou Astério, destacando que a atitude gerou desconforto entre líderes da direita.
O jornalista também avaliou que muitos políticos ainda temem perder o apoio de Jair Bolsonaro, que, segundo ele, continua com forte influência eleitoral. “O Bolsonaro mantém um eleitorado cativo, capaz de eleger senador, deputado federal, estadual, vereador ou prefeito. É um movimento ainda forte, mesmo que não seja mais majoritário na direita”, observou.
Astério ressaltou que uma das principais pautas dos aliados do ex-presidente é a anistia de Bolsonaro, o que entra em conflito com o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF). “Eles exigem anistia, mas o Supremo já afirmou que ela não se aplica nesses casos. Isso gera um debate infrutífero, que não leva a nada”, disse.
Moreira falou que a relação entre o deputado federal Eduardo Veloso e o senador Márcio Bittar não é das melhores. “Não convide para o mesmo tacacá. Não dá, não dá. Eu não ouvi isso diretamente dele, mas de pessoas próximas, que o Márcio considera o Eduardo um cara muito ingrato. Ele diz que trouxe o Eduardo para a política, que ajudou, fez isso, fez aquilo, e não esperava que ele fosse se lançar candidato ao Senado”, relatou o jornalista.


















