O acreano Ramon Dino, campeão mundial no Mr. Olympia 2025, compartilhou sua trajetória de superação e os bastidores da conquista durante entrevista ao apresentador Lucas Gutierrez, no programa Fantástico, exibido neste domingo (19). O atleta, natural de Rio Branco (AC), falou sobre os desafios da carreira, a rotina intensa de treinos e o caminho até alcançar o topo do fisiculturismo mundial na categoria Classic Physique.
Aos 30 anos, Dino contou detalhes sobre sua preparação até o título, os planos para o futuro e o carinho do público após o feito histórico. “O carinho a gente sempre teve do público, mas dessa vez foi muito maior. É muito legal ver a galera torcendo e acompanhando. Mais legal ainda é ser recebido com toda aquela festa”, disse.
O atleta revelou que, após o campeonato, costuma relaxar brevemente antes de retomar o foco para o próximo ciclo competitivo. “A gente curte um pouco até o final do ano. Dá para comer algumas coisas, mas não gosto de extrapolar, porque depois é difícil voltar e recuperar a qualidade muscular”, explicou.
Estratégia e foco total no Mr. Olympia
Vindo de quatro participações consecutivas entre os cinco melhores do mundo, Ramon conquistou o título inédito adotando uma nova estratégia de preparação. Sob orientação dos técnicos Fabrício Pacholok e André Pajé, ele passou quase um ano sem competir, abrindo mão até mesmo do Arnold Classic, competição da qual já foi campeão. “Mantivemos a constância dos treinos, mas nos dedicamos muito mais às poses. A gente praticamente se enfiou em uma caverna para focar no Olympia. O objetivo era corrigir os pontos que precisávamos mostrar no final do ano”, destacou Dino.
Para 2026, o fisiculturista deve manter o mesmo planejamento: descanso no fim do ano e foco total no Olympia a partir de janeiro. Ambicioso, ele traçou uma meta ousada: “Quero ganhar pelo menos uns cinco ou seis Olympias — ou quantos Deus me permitir”, afirmou.
Treinos intensos e disciplina extrema
Ramon contou que treina de 1h30 a 2h por dia, ajustando a alimentação conforme a fase da preparação. Durante o off-season, consome mais calorias para ganho de massa muscular; já no cutting, reduz a ingestão de alimentos para atingir o condicionamento ideal antes das competições. “Essa é a fase mais difícil. A gente passa fome, o corpo está estressado, o descanso fica complicado e a ansiedade aumenta com a aproximação do campeonato”, relatou.
Mesmo com o sucesso mundial, o atleta continua tímido fora dos palcos — traço que, segundo ele, desaparece quando entra em cena. “A timidez vai embora porque você está louco para apresentar tudo o que fez. O André [Pajé] me ajuda muito a ter confiança, e isso faz total diferença”, disse.
Origem humilde e fé nas dificuldades
Natural de uma área periférica de Rio Branco, Ramon Dino enfrentou uma infância marcada por dificuldades. Morando próximo a um igarapé, chegou a ter a casa alagada em épocas de chuva e precisou manter uma dieta simples de arroz e ovo durante a preparação para suas primeiras competições. “Cada dificuldade que eu passei foi uma preparação para hoje. Sempre pedi a Deus discernimento e sabedoria. As dificuldades me ensinaram valores importantes. Os momentos ruins me ensinaram muito mais do que os bons”, refletiu.
