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Questões políticas entre Brasil e EUA ficarão restritas a Vieira e a Rubio

As questões políticas entre Brasil e Estados Unidos deverão ser tratadas, a partir de agora, em contato direto entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio.
Para integrantes do governo brasileiro, o maior avanço da reunião desta quinta-feira (16), na Casa Branca, foi justamente ter conseguido isolar a pauta comercial dos assuntos políticos, que passam a ficar restritos à diplomacia dos dois países.


Com isso, segundo diplomatas consultados pela CNN Brasil, a sobretaxa de 40%, que eleva para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, voltará a ser tratada em nível técnico com o USTR (Representante Comercial dos Estados Unidos).


Blindar a negociação econômica das questões ideológicas era o principal pedido do Brasil desde o início da crise entre os países, em julho.


Para integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), outro saldo positivo foi a emissão de uma nota conjunta de Brasil e EUA, afirmando que Vieira e Rubio “mantiveram conversas muito positivas sobre comércio e questões bilaterais em andamento” e citando que as equipes trabalham para um encontro entre Lula e Donald Trump “na primeira oportunidade possível”.


Na percepção da diplomacia brasileira, o comunicado único — que foge do padrão americano — é um sinal claro de que a chave da gestão Trump virou em relação ao Brasil, isolando a direita bolsonarista que vinha atuando por sanções ao país.


Ao anunciar as sanções econômicas contra o Brasil, o presidente dos Estados Unidos mencionou diversas vezes Jair Bolsonaro (PL), dizendo que o Judiciário brasileiro faz uma “caça às bruxas” em meio ao processo da trama golpista. Em 11 de setembro, o ex-presidente foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 27 anos e três meses de prisão.


Doze dias depois, no palco da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Trump afirmou ter tido uma “excelente química” com Lula, após uma conversa rápida entre os dois. Bolsonaro não foi mencionado na declaração.


No dia 6 de outubro, em mais um gesto de aproximação, Trump e Lula conversaram por cerca de 30 minutos por telefone. O presidente brasileiro pediu a retirada da sobretaxa imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras. Mais uma vez, o ex-presidente Bolsonaro não foi citado.


A reunião desta quinta-feira, em Washington, teve dois momentos. Na primeira parte, Rubio e Vieira conversaram a sós por cerca de 15 minutos, quando trataram de temas políticos.


O teor da conversa tem sido mantido em reserva, mas os Estados Unidos têm interesse em discutir Venezuela, China e Brics. Não há relatos de integrantes dos dois governos de que Bolsonaro tenha sido citado.


Já no segundo momento, o foco da conversa de 45 minutos foi o comércio. O tema foi debatido com a participação da embaixadora em Washington, Maria Luiza Viotti; do secretário de Meio Ambiente e Energia, embaixador Maurício Lyrio, que atuou como sherpa no G20 e no Brics; e do secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Fox-Drummond Gough. Pelos Estados Unidos, Rubio teve a companhia do representante comercial Jamieson Greer.


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