A reportagem buscou informações no dia 9 de setembro por meio do portal oficial do governo paulista, o fala.sp.gov.br, com a Polícia Militar de São Paulo, sobre as ligações que deram origem à ocorrência; à Superintendência da Polícia Técnico Científica de São Paulo, sobre os laudos realizados; e à Polícia Civil do Estado de São Paulo, sobre as investigações. A PMSP e a Polícia Técnico Científica disseram que as informações haviam sido entregues à Polícia Civil, que por sua vez, no dia 3 de outubro, afirmou que “infelizmente não foi localizada nenhuma informação ou documento arquivado sobre o caso” (leia a resposta na íntegra no final da matéria).
Edmundo Pinto foi morto dois dias antes de prestar depoimento à CPI que investigava corrupção nas obras do Canal da Maternidade, realizadas com recursos do FGTS. A coincidência temporal entre sua morte e o depoimento é considerada por familiares, políticos e investigadores paralelos como o primeiro sinal de que o assassinato poderia ter motivações políticas.
Diversos pontos da investigação oficial são contestados até hoje. Um dos principais diz respeito aos bens supostamente roubados. A versão da polícia apontou que foram levados cerca de Cr$ 500 mil em dinheiro e US$ 1.500 de um hóspede norte-americano. No entanto, críticos afirmam que objetos de valor visível – como relógios, jóias ou eletrônicos – não foram levados, o que colocaria em xeque a tese de latrocínio.
Outro ponto controverso diz respeito à movimentação dentro do hotel. O governador estava hospedado na suíte 707, e seu ajudante de ordens, o capitão Marcos Wisman, ocupava um quarto próximo. Ainda assim, ele afirmou não ter ouvido barulho algum durante a madrugada, apesar de relatos indicarem luta corporal entre Edmundo e os supostos invasores. O silêncio em torno da movimentação naquela noite, tanto por parte da segurança como da administração do hotel, é considerado uma lacuna até hoje mal explicada.
Os três acusados pelo crime foram presos com base no testemunho de um hóspede norte-americano que alegou ter visto “três mulatos” deixando o local. Nenhum dos suspeitos, entretanto, revelou quem teria encomendado o assassinato. Todos morreram na prisão anos depois, levantando suspeitas de queima de arquivo.
A CPI da Pistolagem, instaurada anos depois pela Câmara dos Deputados, chegou a uma conclusão oposta à da investigação policial: segundo o relatório final, não restavam dúvidas de que o assassinato foi uma execução planejada, com características de crime político. A CPI apontou, inclusive, que o andar onde estava hospedado o governador também abrigava representantes de uma das construtoras investigadas no escândalo do Canal da Maternidade.
Outro elemento levantado pelos familiares de Edmundo Pinto é o tratamento dado ao corpo após a morte. Segundo relatos do filho do governador, o corpo apresentava sinais de violência além dos tiros, e foi rapidamente embalsamado e lacrado, impedindo que os familiares pudessem ver ou registrar os ferimentos em detalhes. Isso contrasta com a versão policial, que fala apenas em dois disparos: um de raspão na cabeça e outro fatal no coração.
Saiba mais:
Ao longo dos anos, diversos pedidos de reabertura do caso foram feitos, inclusive com apoio de parlamentares e de juristas. Em 2019, uma série documental da Netflix reacendeu o debate, mas também foi contestada por familiares por reforçar a narrativa oficial do latrocínio.
“Trata-se de demanda de jornalista acerca de documentos investigativos sobre a morte do então governador do Acre Edmundo Pinto, ocorrida em 1992, no quarto do hotel Della Volpe da Rua Frei Caneca, centro de São Paulo, onde estava hospedado.
Decorridos 33 anos do fato, infelizmente não foi localizado nenhuma informação ou documento arquivado sobre o caso.
De certo que a memória dos policiais que ainda labutam nesse DHPP apontam que o caso foi esclarecido como ROUBO SEGUIDO DE MORTE tendo os suspeitos sido presos.
O inquérito policial foi remetido à justiça.
Atenciosamente,
POLÍCIA CIVIL