Em um movimento que representa um significativo avanço nas articulações políticas para as eleições de 2026, a vice-governadora Mailza Assis (PP) visitou nesta quarta-feira (8) a sede do diretório regional do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) no Acre. A reunião, marcada por declarações de abertura e reconhecimento mútuo, destacou a disposição de Mailza em atender às demandas do partido, como participação em chapas majoritárias e fortalecimento de candidaturas proporcionais. O encontro sinaliza uma possível aliança que poderia posicionar o MDB como peça-chave na sucessão governamental, especialmente considerando que Mailza assumiria o Executivo estadual até abril de 2025, caso o governador Gladson Cameli (PP) opte pela candidatura ao senado.
O MDB, que já dialogou com o até então único adversário para 2026, o senador Alan Rick (União Brasil), admitiu que Mailza carrega uma “certa vantagem” na disputa pelo apoio emedebista. Isso se deve à sua posição atual no governo, o que lhe confere maior capacidade de oferecer espaços e recursos políticos. Wagner Sales, presidente estadual do MDB, enfatizou que o partido não busca cargos imediatos, mas sim um projeto de futuro alinhado às suas teses de governabilidade, com foco em saúde, educação, produção rural, geração de emprego e transparência. “O MDB quer contribuir para que o governo assuma defendendo teses que governem para a população, especialmente a que mais precisa”, afirmou Sales ao ac24horas.
Durante o encontro, Mailza Assis demonstrou clara abertura às demandas do MDB, reconhecendo a “grandeza e o valor” do partido e convidando-o a integrar um “novo projeto” de governo. “Não sou uma candidata de mim mesma, nem apenas do PP; sou candidata de um projeto que inclui o governo e grupos como o MDB”, declarou a vice-governadora. Ela destacou seu compromisso em garantir espaços para o partido na gestão, incluindo participação em decisões e ações concretas. “Queremos o MDB como parceiros, aliados, para nos ajudar na pré-campanha, na nova gestão e nas eleições. Meu propósito é aproveitar o trabalho do MDB e fazer a boa política”, acrescentou, enfatizando a continuidade da atual administração até o fim de 2026, mas com liberdade para inovações a partir de abril.
Representantes do governo, como o secretário de Governo Luiz Calixto e o chefe da Casa Civil Jonathan Xavier Donadoni, reforçaram a importância estratégica do MDB. Calixto descreveu a abordagem como um “pedido em casamento”, afirmando que a candidatura de Mailza é “definida e irretroativa”, com compromisso em eleger Gladson Cameli ao Senado, mas com vagas abertas para vice e outra cadeira senatorial. “O MDB tem posição privilegiada na composição; temos nomes como Marcus Alexandre e Jéssica Sales que despontam para vice ou senado”, disse Donadoni, destacando a necessidade de um “grande arco de aliança” e o fortalecimento de chapas para deputados estaduais e federais.
Do lado emedebista, o tom foi de receptividade, mas com cautela. Sales reiterou que o MDB ouve todas as forças políticas e não decidirá imediatamente. “Nós não abrimos mão de estar na chapa majoritária – vice ou senado – e de ajuda para formar chapas fortes de deputados federais e estaduais”, explicou, visando eleger ao menos dois federais para recuperar representatividade. Ele reconheceu a vantagem de Mailza: “Quem está no poder tem condições maiores de oferecer espaços”.
Outros membros do MDB ecoaram o otimismo. Marcus Alexandre, ex-prefeito de Rio Branco e nome forte do partido, elogiou o gesto da vice-governadora: “A política é feita de gestos, e este só a senhora poderia fazer. O que o MDB decidir, estarei integralmente apoiando”. O deputado estadual Tanizio Sá expressou “felicidade” com a presença de Mailza e desejo de integração ao projeto, enquanto João Correia, secretário adjunto do MDB, destacou o momento como “institucional” e previu uma conclusão em breve: “Se for sim, seremos aliados leais; se não, adversários respeitosos”.
Leonardo Melo, filho do ex-governador Flaviano Melo, enfatizou a importância de ouvir propostas concretas, como investimentos em infraestrutura e emprego. “O MDB precisa ser ouvido; quem souber ouvir conseguirá soluções melhores”, disse, reafirmando lealdade ao partido.
Lívio Veras, vice-presidente estadual do Progressistas (PP), lembrou a história de alianças entre os partidos e o respeito mútuo. “Estamos aqui em busca de uma aliança que dê viabilidade à chapa com Mailza à frente”, afirmou, deixando detalhes de vagas para negociações posteriores.
O MDB agora montará uma comissão para avançar nas negociações e a decisão do partido deve ser anunciada nos próximos dias.