Em uma entrevista reveladora no programa “Médico 24 Horas”, exibido nesta segunda-feira (6) nas redes sociais e no jornal ac24horas.com, o médico e apresentador Dr. Fabrício Lemos conversou com o especialista em endoscopia Dr. Luiz Gustavo sobre os desafios e inovações na saúde digestiva no estado do Acre. O diálogo destacou a prevalência de problemas gástricos comuns na região, atribuídos em parte ao consumo excessivo de farinha de mandioca, e apresentou procedimentos de ponta que estão revolucionando o tratamento local.
Dr. Luiz Gustavo, acreano que atua em Rio Branco e Cruzeiro do Sul, iniciou a conversa revelando os diagnósticos mais frequentes em suas endoscopias. “Gastrite, gastrite, muita gastrite, chega a ter úlceras demais”, afirmou ele, enfatizando que a incidência é “muito alta”. Segundo o especialista, os pacientes geralmente buscam o procedimento devido a sintomas como dispepsia e refluxo gastroesofágico. “Aqui dá muito refluxo”, completou.
Um ponto central da discussão foi o impacto da dieta regional na saúde. Dr. Fabrício Lemos, brincando que está “quase fazendo um doutorado” sobre o tema, associou o consumo excessivo de farinha a problemas como gordura no fígado, hipertensão, diabetes e obesidade. “A farinha dá gordura no fígado, ela dá hipertensão, ela dá diabetes, né? Ela é a causa que nós temos nos estados mais obesos do Brasil”, disse ele. Dr. Gustavo concordou, destacando a dificuldade em convencer os acreanos a reduzir o consumo: “Quando você pede pro acreano parar de comer farinha? Não tem como”. Ambos compartilharam memórias pessoais de infância, como pegar farinha diretamente dos sacos no mercado, ilustrando como o alimento é culturalmente enraizado na dieta local.

Foto: Iago Nascimento/ac24horas
A bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) também foi tema, descrita por Dr. Gustavo como uma causadora comum de gastrite e potencialmente de câncer gástrico. “Ela tem estudos já que provam que ela leva ao câncer gástrico, ao carcinoma gástrico”, alertou, estimando que afeta 50% a 60% dos pacientes examinados.
A entrevista aprofundou-se nos aspectos técnicos da endoscopia. Dr. Gustavo diferenciou a endoscopia diagnóstica – que apenas observa – da terapêutica, que inclui intervenções como polipectomia, ligadura de varizes esofágicas em pacientes cirróticos e mucosectomia para câncer precoce. Ele destacou avanços tecnológicos, como a cromoscopia digital, que permite diagnósticos em tempo real. “O aparelho de endoscopia, ele faz cromoscopia digital em magnificação, ele é um microscópio hoje”, explicou.
Sobre a sedação, o especialista expressou preferência pela versão sedada, criticando a prática comum no Acre de realizar o procedimento acordado: “Eu não gosto, porque o paciente, ele acordado, ele nauseia muito”. Ele ressaltou a segurança do procedimento, com complicações mínimas, e explicou o uso de ar para inflar o estômago durante o exame, aspirado ao final.
Um dos destaques foi a Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica (CPRE), procedimento minimamente invasivo para tratar obstruções biliares, como cálculos grandes de até 4 cm. Dr. Gustavo descreveu a técnica atual de inserir stents plásticos para fragmentar os cálculos naturalmente, evitando manipulações que possam causar complicações como colangite ou pancreatite.
As inovações trazidas por Dr. Gustavo ao Acre foram celebradas. Há um ano, ele introduziu a gastroplastia endoscópica, uma “bariátrica endoscópica” que reduz o estômago sem cortes, promovendo perda de 15% a 20% do peso em dois anos. “Entra pela boca, vai lá, reduz o estômago com estruturas internas”, explicou, notando que o paciente recebe alta no mesmo dia, com complicações raras, como dor passageira. Indicada para IMC entre 27 e 35, a técnica preserva a absorção nutricional e requer dieta líquida no primeiro mês para cicatrização.
Para mais informações sobre os procedimentos, assista a entrevista completa:
