Sebastião Viana desconfia de monitoramento de suas ligações telefônicas
Ray Melo, da editoria de política de ac24horas – [email protected]
Se já era polêmico o tema grampo telefônico no Acre, depois das declarações do governador Sebastião Viana (PT), em entrevista exclusiva para ac24horas, que teme estar sendo escutado, os acreanos que não têm o poder de fogo de um chefe do executivo precisam ter cuidado redobrado com o que falam ao telefone.
Apesar de fazer parte de um projeto institucional de governo que aparelhou o Estado com o temido Guardião, sistema utilizado pelo serviço de inteligência e investigação da Polícia Civil, para fazer escutas telefônicas, Viana revela que não se sente à vontade para conversar ao telefone, nem mesmo com a esposa Marlúcia Cândida.
“Não, não falo certas coisas ao telefone de jeito nenhum. Eu tenho certeza que sou monitorado 24 horas. Eu, como cidadão não confiaria nunca e, como governador me sinto mais ainda no dever de não tratar. Pode haver um ato de maldade num simples ato de afeto, de fraternidade com sua esposa”, diz Viana.
Sebastião desconfiar que seu telefone esteja grampeado. “Eu e minha esposa somos totalmente comedidos no diálogo telefônico. Nós nos achamos totalmente monitorados. Sempre tratei assim, desde o Senado, mas isso não é um problema do Acre. Isso faz parte do Brasil e do mundo”, afirma o petista.
Mesmo se colocando como vítima das grampos, foi nas administrações petistas do Acre, que o Guardião teve a compra autorizada pelo Ministério da Justiça, por meio do convênio (486771/Siafi), que repassou R$ 500 mil ao governo acreano. O aparelho foi adquirido em 2003, pelo então govenador Jorge Viana, quando o ex-deputado federal Fernando Melo ocupou a secretaria de segurança do Estado. O fato foi concretizado na gestão do sucessor de Melo, Antonio Monteiro.
As gravações telefônicas foram regulamentadas por meio de decreto, assinado no governo Sebastião Viana. Nas eleições 2010, petistas chegaram a entrar num confronto contra tucanos, trocando acusações sobre escutas telefônicas ilegais. O PT acusou o PSDB de fazer grampos telefones, através de um aparelho portátil.
Os oposicionistas contra-atacaram e acusaram as administrações petistas do Acre, de serem adeptas da arapongagem de adversários políticos. Durante os primeiros anos de administração de Sebastião Viana, a Polícia Federal foi autorizada pela Justiça a fazer escutas do governador e de seus assessores.
Sebastião Viana não esteve envolvido apenas em casos de grampos telefônicos. Na sua passagem pelo Senado, Viana foi acusado de emprestar um telefone institucional à filha em viagem de férias ao México. A conta do telefone ficou em torno de R$ 14.758,07 – referente ao uso do aparelho por 22 dias. Foi ele mesmo quem fez questão de lembrar do caso durante a entrevista aos jornalistas de ac24horas.
Viana acredita que a denúncia foi suscitada após uma briga que ele teve com Renan Calheiros e José Sarney, ambos do PMDB, durante a disputa pelo comando do Senado Federal. De forma irônica, o petista afirma que “tudo surgiu a partir destes desentendimento com os dois magos da política tradicional”.
Após alguns anos da explosão do caso na imprensa nacional, Sebastião Viana resolveu fazer novas revelações sobre o caso do celular chapa branca. Ele afirma que pediu um telefone da TIM para a filha levar na viagem, mas a empresa informou que só poderia fornecer o aparelho no prazo de 30 dias.
“Eu tinha um telefone que não usava, ai eu disse: leve apenas para receber chamadas minhas. Ocorreu um doença grave, um aneurisma, na mãe do namorado dela, isso fez com que ele (o namorado) ficasse ligando, dando noticias desesperado, perdendo o controle do valor da conta”.
O petista finaliza sua versão informando que “a conta chega a cada 90 dias. Com 45 dias, eu pedi e paguei, antes da denuncia. Mesmo assim, eu fui denunciado. Não houve nenhum desonra ao erário. Eu quero deixar claro que eu não fui denunciado por ninguém, a vida é isso”, fecha o assunto, Sebastião.