O engenheiro civil Leonardo Melo, de 46 anos, filho do ex-governador Flaviano Melo, falecido em outubro do ano passado, foi o entrevistado do programa Bar do Vaz na tarde desta quarta-feira, 15. Durante a conversa, ele relembrou a trajetória do pai, os últimos momentos de vida e abordou temas políticos, incluindo as eleições no partido e a possibilidade de se candidatar a um cargo público.
No início da entrevista, Leonardo destacou o caráter e a alegria que marcavam a vida do pai. “Flaviano era de um caráter e alegria gigantes. Meu pai sempre nos ensinou que a felicidade era fundamental, junto com o trabalho. Ele dizia que a felicidade faz a gente se sentir melhor, que não precisamos ter raiva de ninguém, nem falar mal de ninguém, porque todos têm seu espaço. Ele também nos ensinava que, no dicionário, o sucesso vem antes do trabalho, mas, na vida, temos que trabalhar para alcançar o que queremos. Papai sempre nos mostrou como ter caráter e dignidade. Ele era uma pessoa fantástica”, afirmou.
Leonardo também relembrou um castigo aplicado pelo pai por conta de um desempenho insatisfatório na escola. “Vou te dar um exemplo. Quando eu tinha 13 anos, ou algo assim, fiquei de recuperação na terceira série do primário. Naquela época, ele era governador, e me colocou para trabalhar na Funtac. Eu ia pintar mapas durante todas as minhas férias. Naquele tempo, não havia computadores ou impressoras, então eu passava as tardes pintando mapas à mão. Isso me marcou muito”, contou.
O engenheiro também destacou o amor de Flaviano pelo MDB, que ele considerava como parte de sua família. “O MDB era a família dele, era sua paixão e o que o motivava a fazer o bem pelas pessoas. Para mim, o MDB também é uma família. Fui nascido e criado dentro do partido. Além da minha família de casa, que são meu pai, minha mãe e meu irmão, eu também tenho a família do MDB. Aquilo era a alegria e o combustível dele para ajudar as pessoas”, declarou.

Foto: Sérgio Vale
Ao ser questionado sobre a possibilidade de se candidatar a algum cargo pelo partido para defender o legado do pai, Leonardo declarou estar à disposição do MDB, mas ressaltou que precisa refletir bastante sobre o assunto. “Olha, eu estou à disposição da minha família MDB. De porteiro do MDB a candidato à presidência da República. O que quiserem que eu possa ser útil, eu serei útil. Agora, é claro que essa é uma decisão que precisa ser tomada com cautela, porque a cabeça pensa uma coisa e o coração puxa para outra. E o coração está me puxando assustadoramente. Eu desmarquei a minha passagem. Quando marcaram a eleição no dia 17, eu remarquei para participar do evento, para mostrar que era algo importante. É muita responsabilidade, muito amor. Uma pessoa que fez tanto em prol dos outros… a minha cabeça e o meu coração estão realmente divididos. Eu sinto que tenho o dever moral de fazer o que meu pai gostaria que eu fizesse. Ele sempre acreditou que os políticos existem para dar liberdade às pessoas e não que as pessoas existem para dar poder aos políticos. Infelizmente, estamos vendo essa transição onde muitos políticos acham que as pessoas existem para lhes dar cargos.
E continuou: “Se meu pai estivesse aqui, ele diria: ‘É uma estrada longa, árdua, e a maneira de se fazer política está mudando muito, mas siga o seu coração.’ É justamente esse coração que eu preciso pensar e repensar, para chegar a um denominador comum”, afirmou.
Ainda acerca da política, Leonardo que passou a infância no Acre e reside no Canadá, falou abertamente sobre política, segundo ele, a política nunca foi um meio de vida. Melo contou “Então, o que é que a gente sempre conversava de política, debatia, falava, todas as oportunidades e os momentos que foram necessários, tudo da oportunidade que eu podia, eu pegava e vinha para ficar aqui, para o papai, só tinha um político na família. Política nunca foi meio de vida, não se botava, tinha vários políticos e não se usava a política em benefício próprio. Se ele ensinou isso para a gente, a política tem que ser exercida em benefício das pessoas, se não, não tem para que ser, basicamente”, disse.
Leonardo Melo afirmou que Flaviano Melo sempre elogiou Marcus Alexandre, destacando-o como um homem de grande nome, caráter e valor. “Todas às vezes que ele se referiu ao Marcus Alexandre, ele dizia que era um grande nome, uma pessoa de caráter, de valor. Uma das coisas que mais o preocupavam, e que precisamos prestar atenção, é como as eleições se transformaram em um uso do medo das pessoas para ganhar votos. Ele estava muito preocupado com isso”, relatou.

Foto: Sérgio Vale
Sobre as eleições internas do MDB, Leonardo reconheceu que há um jogo de interesses partidários, mas ressaltou que a eleição visa apenas substituir seu pai, que era o presidente do partido. “O MDB é um partido tão democrático que, na ausência do presidente, o vice-presidente deve assumir e, em seguida, ser eleito para o cargo. Esse é o trâmite do partido, ok? Um partido cresce pela disputa de ideias e pela conjunção de interesses. Quando se começa a fazer política, isso é uma lição do nosso Velho Lobo. O que está acontecendo hoje? As pessoas pararam de fazer política com os partidos e passaram a fazer políticas individuais. Isso não significa interesse pessoal, mas eleitoral. No MDB, existem muitos interesses. Pessoas se reúnem, amadurecem ideias, discutem e depois caminham juntas. Essa eleição não será diferente. É apenas para eleger o presidente que ocupará a vaga deixada por alguém que fez sua passagem para outro plano”, ressaltou.
Emocionado, Leonardo afirmou que confia nos desígnios de Deus em relação ao pai. “Deus sempre faz o que é melhor para quem amamos. Mas, no fundo, rezamos para que o melhor seja ficar um pouco mais com a gente. Porém, Deus fez o que era melhor para ele, e ele partiu”, disse.
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