As revelações bombásticas de Sebastião Viana sobre o caso G7
“Eu sei até que foi numa pizzaria da cidade que começou o diálogo que isso [Operação G-7] ia começar a ocorrer. Eu sei o que ocorreu dentro da Catedral eu numa missa num domingo. E eu recebi visita de um desembargador tratando de uma questão [G7] dentro da missa. Não esqueço do bafo de álcool que tava na boca dessa pessoa”. A revelação bombástica do governador Sebastião Viana sobre o caso G7 é um capítulo inédito e oculto até agora da Operação da Polícia Federal, que prendeu em maio do ano passado, 15 empresários da construção e secretários de Estado acusados de crimes como desvio de dinheiro público, falsificação e formação de cartel em licitações.
A Polícia Federal prendeu, mostrou o que considerou suas provas, mas a Justiça Federal ainda não deu seu veredicto final para o caso, que para Sebastião “não passa de um golpe para tentar desmontar seu governo e prejudicar o desempenho do então candidato a prefeito de Rio Branco, Marcus Viana, do PT”, que acabou se elegendo prefeito meses depois.
No dia em que a operação policial federal veio à tona, Sebastião foi avisado pela manhã, oficialmente, momentos antes da ação pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de que a operação seria deflagrada no Acre. Mas o petista informa que já sabia que estava em curso uma operação policial para “atingi-lo”. Sem citar nomes, Sebastião [apesar da insistência de ac24horas] diz que fora avisado por um grupo de desembargadores em fevereiro de 2013, sobre as prisões em uma visita dos magistrados ao seu gabinete.
“Eu tive informações em agosto do ano anterior (2012), vésperas das eleições, que tinha um processo em curso pra explodir, pra desonrar o governo e fazer o Marcus Alexandre perder a eleição. Só que pra graça de Deus um juiz federal recusou-se a aceitar aquele tipo de denúncia que tava sendo formulada. Quando foi em fevereiro eu recebi aqui em meu gabinete a visita de desembargadores [também omitiu o nome] me alertado de uma operação suja que estava em curso. E eu disse que quem não deve, não teme. Mas sobre isso eu só quero falar depois, porque eu não queria fazer defesa antecipada. G7 vai entrar pra história, quando a verdade aparecer, como a maior farsa contra a integridade de uma instituição chamada governo. Não tenho a menor dúvida que nada se provará contra a qualquer ato de desonra e desonestidade do governo. Nós estamos entrando numa fase preliminar; são 43 meses que nós estamos chegando desde o início da investigação. Começou em abril de 2011 a investigação”, diz.
Notadamente Sebastião Viana se altera emocionalmente ao citar seu sobrinho Tiago Viana no caso. Para ele um dos mais injustiçados no processo.
“No tempo a verdade vai começar a aparecer. Nesses 43 meses apareceu apenas a denúncia contra uma pessoa que eu tenho a mais certeza absoluta da sua inocência, da sua honra, que não pegou uma agulha de ninguém, que é o Tiago meu sobrinho, que foi acusado, inclusive pela Rede Globo, de morar numa cobertura num apartamento de um 1,5 milhão de dólares, quando ele comprou aquele apartamento, que não é em cobertura, por R$ 97 mil, na planta financiado em 15 anos”, completa Sebastião Viana.
Embora Sebastião Viana diga que seu sobrinho seja incapaz de subtrair “uma agulha” de alguém, às vésperas das eleições do segundo turno deste, o Ministério Público Federal do Acre denunciou dois servidores públicos, um deles Tiago Viana sob acusação de fraudar licitações na área de saúde pública do Estado.
Ainda se defendendo, o governador petista voltou a afirmar que tudo foi tramado por seus adversários e diz ter a certeza de que a “verdade vai aparecer” e que o denunciados serão inocentados.
“Eu acredito nas instituições, eu tenho o mais absoluto respeito pelo Ministério Público Público Federal e vou continuar a ter, eu tenho o mais absoluto respeito pela Polícia Federal e vou continuar a ter, tenho o mais absoluto respeito pelo Tribunal de Justiça e vou continuar a ter, agora nada impede de saber qual é a verdade sobre o caso G7. Agora a verdade vai aparecer. Não tenho o menor medo de ir pelos caminhos da democracia ver a verdade aflorar nesse debate. Então a reparação moral da verdade nós vamos buscar. Infelizmente os adversários fizeram a sujeira que queriam fazer usando a inocência de pessoas pra tentar me atingir”, conclui.
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“O PT não compra votos, quem compra votos é a oposição” diz
Sebastião ao comentar corrupção e estratégias de adversários
Seguindo a linha de sua correligionária Dilma Rousseff, Sebastião Viana diz não tolerar corruptos, mas admite que em qualquer governo, há casos de corrupção.
Para justificar sua afirmativa ele diz que “corrupção tem em qualquer lugar do mundo e em qualquer governo e vai ter sempre. Onde tem dinheiro o ladrão quer chegar perto, agora cabe ao governo poder agir e ter a energia de agir e ser imparcial”.
Para Sebastião Viana, entretanto, a diferença é que ao invés de ele jogar a sujeira pra debaixo do tapete, diferentemente de seus adversários, ele autoriza a polícia a vasculhar sua própria casa, o governo.
“Foram dezenas de operações dentro do meu governo e eu autorizei sem saber a quem era que a Polícia estava investigando”.
Viana afirma ainda que a diferença é que seus adversários usam o tema, sem moral alguma, para atacá-lo, como fizeram, por exemplo nas eleições deste ano.
“Infelizmente os adversários usaram isso fizeram a sujeira que queriam fazer usando a inocência de pessoas para tentar me atingir eleitoralmente”, diz ele ao citar o caso G7 usado pela oposição durante a campanha.
O petista usa como exemplo os vários casos que poderiam ser citados por ele contra Márcio Bittar, como uma espécie de vingança pessoal durante a campanha.
O governador enumera vários casos contra o candidato tucano derrotado nas eleições passadas, que vão de recebimento de salários fantasmas à cobrança de mesanlinhos no gabinete de Bittar.
“Eu, por exemplo, não cobrei o caso do Josildo, o motorista do Márcio Bittar que ganha o salário pra comprar um carro importado dele; eu não coloquei isso publicamente como denúncia. Eu disse pra ele que não ia colocar isso como denúncia. Os salários fantasmas que ele recebia do Amazonas, ele e a esposa dele. Eu não coloquei o trabalho de mensalinho dentro do gabinete dele que está denunciado pelo Ministério Público Federal. Eu não coloquei as nomeações gordas que ele tem, os cargos de confiança do gabinete dele pra poder achar que é justificável ele atacar”.
E sobre Bocalom, o petista disse que também tinha uma carta na manga contra o candidato derrotado do Democratas.
“Eu não coloquei as denúncias contra o seu Bocalom. Os R$ 300 mil que desapareceram no caminho, que constam numa denúncia registrada em cartório que o (jornalista) Paulo Henrique Amorim colocou. Eu preferi o jogo da verdade”.
Ao responder sobre compra de votos, Viana disse que a oposição tentou, durante as eleições deste ano, tomar o poder por meio do “golpe da compra de votos”. E acrescentou ao ser perguntado se o Partido dos Trabalhadores compra votos: “Não, o PT não compra votos, a oposição compra”.