O cantor Nando Reis, de 61 anos, celebra os oito anos de sobriedade, livre do vício em drogas, em seu novo álbum de trabalho, no qual também se desculpa com os filhos e a esposa. Em entrevista ao Extra, Reis se desculpa com a família na canção “Daqui por diante”, na qual relata a demora para conseguir se livrar do vício e o sofrimento que causou às pessoas que ama.
“É uma dor terrível quando você pensa no que causou a si mesmo e às pessoas que ama. A dor é inevitável. Só que o arrependimento não resolve nada. Quando se está doente, a justificativa é algo que a gente usa com frequência. Quase enjoa fazer isso. A desculpa perde força. Na música, o que falo é sobre o tempo de qualidade que posso oferecer agora, daqui por diante, o que vai substituir as experiências ruins. Não tive uma DR coletiva com meus filhos. As relações foram retomadas, como digo na música, aos poucos. ‘Depois do horror do tsunami veio a bonança’”, declarou o cantor.
Reis ainda exaltou a parceria com a esposa, Vânia — os dois se conhecem desde os 15 anos. “A relação real é a que se constrói ao longo de uma convivência de mais de 40 anos. Nós atravessamos muitas dificuldades e, para cada situação que enfrentamos, o vínculo amoroso foi reforçado.”
“É uma luta. No meu caso, não sei explicar, nem quero dar conselhos, mas tenho muita certeza de que não quero mais voltar lá. Eu consigo, por exemplo, ficar do lado de pessoas da minha família bebendo. Não sou o chato. O problema é meu, eu que cuido. Mas eu tenho consciência de que, se for lembrar do prazer que tudo isso trazia, é fácil recair. Mas, se optar pela memória da dor, você tem um escudo melhor.”
Segundo o artista, sua vida melhorou após parar de usar entorpecentes e álcool, e hoje ele vai a menos reuniões de Alcoólicos Anônimos. “Mesmo quando consumia drogas, eu garanto que isso não afetava a qualidade de meus lançamentos musicais. É importante destacar que tudo o que fiz na vida, independentemente das condições em que possa ter feito, todas as canções passaram por um crivo no dia seguinte, que exige lucidez. É comum, em um estado de alteração, você achar tudo o máximo, mas nunca fui leviano ao lançar algo”, completa.