Marina Belandi e Adriano Iurconvite
Chegou o tão esperado 11 de agosto, o Dia da Advocacia! Data em que se celebra a nobre arte de fazer mágica com palavras, de criar realidades alternativas com um simples balançar de beca. O que seria da sociedade sem esses incansáveis defensores da justiça, guardiões das leis e, claro, mestres da paciência? Porque, convenhamos, a advocacia é, antes de tudo, um exercício de paciência.
Hoje é um dia de festa para toda a classe! É um dia de celebrar as conquistas. Ou seria um dia de lamentar as tristezas?
Ah, como seria bom se esse fosse um dia de verdadeiras celebrações! Se pudéssemos comemorar o que nos vendem: uma advocacia que navega em mares calmos e ventos favoráveis. Uma advocacia onde a defesa das prerrogativas é célere e firme, onde os desagravos chegam antes mesmo que o ofensor possa se desculpar. Um mundo onde as RPV’s são liberadas tão rapidamente quanto a promessa de um aprendiz de político em época de campanha, e onde os alvarás brotam quase instantaneamente, como flores na primavera. Processos que andam com a leveza de quem não tem pressa e tudo flui com uma eficiência exemplar.
Que bom seria se as mais de 100 propostas “possíveis” de antes tivessem sido executadas a contento, e não tivessem passado de uma ilusão meramente eleitoreira. Ah, que bom seria! Imagina o jovem advogado ser isento da primeira anuidade, ao invés de ser cobrado por toda e qualquer mísera palestra: Um mundo perfeito!
Que utopia! Infelizmente, a realidade se recusa a seguir esse roteiro. Aqui no Acre, o cenário é um pouco menos encantador. Aquele gigante, que parecia hibernar num sono profundo e pacífico, finalmente agora despertou. Mas não por conta própria, e sim como se uma força maior tivesse sussurrado: “É hora de parecer que estamos fazendo algo”. E assim, o gigante levantou-se, espreguiçou-se e começou a despejar um discurso robusto – mas que, no fundo, não passa de palavras ocas, tão cheias de vento quanto as promessas feitas no calor da campanha.
Que bonito seria se, ao invés de apenas palavras, tivéssemos ação. Se tivéssemos construído pontes institucionais em benefício de toda a advocacia, e não apenas para uma seleta vassalagem. Se não estivéssemos quase três anos atrasados, cuidando apenas de consolidar escritórios que sequer existiam antes disso, se os RPV’s não levassem quase dois anos para sair do papel, se os honorários dativos não fossem apenas uma promessa distante. Se as visitas aos réus presos não fossem tão limitadas que, por vezes, mais parecem um privilégio do que um direito.
No entanto, os advogados e as advogadas são, antes de tudo, guerreiros da vida real, que lutam contra o sistema, contra a burocracia, contra a morosidade. Que se deparam com limitações absurdas, como a dificuldade de visitar seus clientes presos. Que enfrentam a espera interminável pelos honorários dativos que, quem sabe um dia, serão pagos. Que veem a esperança em cada discurso inflamado e a perdem em cada ato frustrante.
E aqui estamos, em mais um 11 de agosto, tentando achar motivos para sorrir entre as rachaduras da nossa prática diária. Hoje é o dia de celebrar essa jornada que, apesar de tudo, segue em frente. Porque ser advogado é isso: é acreditar, é insistir, é lutar, mesmo quando o mundo real insiste em não acompanhar o ritmo dos sonhos.
Mas, quem sabe um dia, esses sonhos não se tornem realidade? Quem sabe, um dia, esse marketing se transforme em algo palpável. Até lá, seguimos marinando nosso sonho, porque o sonho é gratuito – e sonhar, afinal, ainda é permitido!
Como ensinou Guimarães Rosa, o que a vida espera da gente é coragem. E a advocacia possui essa coragem: coragem pra sonhar, coragem pra lutar e, principalmente, coragem para mudar!
Feliz Dia dos Advogados e Advogadas!
Que os ventos da esperança soprem com força suficiente para transformar essa miragem em realidade para além de uns poucos privilegiados.
*Advogados