Após as chuvas intensas que causaram inundações devastadoras no Rio Grande do Sul no último mês, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, advertiu que essa região, bem como biomas como a Amazônia e o Pantanal, devem se preparar para uma seca severa. “As chuvas no Rio Grande do Sul e seus efeitos serão seguidos por uma estiagem, provavelmente na Amazônia e no Pantanal, onde teremos um fenômeno terrível de incêndios e queimadas”, disse Marina em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília.
A ministra explicou que a combinação de fenômenos naturais, como El Niño e La Niña, juntamente com a intensificação das mudanças climáticas, são responsáveis por esses eventos extremos, afetando também a Caatinga e o sul do Rio Grande do Sul, que enfrenta o pior desastre climático de sua história. “O mesmo ocorre no Pantanal, na Amazônia e na Caatinga do Nordeste, que já vivencia uma estiagem severa. No Rio Grande do Sul, também teremos uma estiagem severa”, acrescentou Marina, encarregada das políticas federais de combate às mudanças climáticas.
Durante um evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram assinados vários acordos, incluindo um com os governos estaduais da Amazônia e do Pantanal para prevenir e combater incêndios. Marina alertou que, como consequência da seca, a Floresta Amazônica e a maior zona úmida tropical do mundo enfrentarão novos incêndios. O Brasil registrou um número recorde de incêndios florestais de janeiro a abril, com mais de 17 mil casos, segundo dados oficiais.
Silva tem se dedicado a reverter as políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), com foco especial em atingir o desmatamento zero até 2030. Embora o desmatamento na Amazônia tenha sido reduzido pela metade em 2023, houve um aumento de 43,6% no Cerrado durante o mesmo período. Entre janeiro e maio deste ano, o desmatamento no Cerrado diminuiu 12,9%, mas Marina ressalta que ainda é cedo para afirmar uma tendência consistente de redução. “Ainda é cedo para dizer que há uma inflexão duradoura e constante na curva”, enfatizou.
Diferentemente da Amazônia, o desmatamento no Cerrado é permitido sob certas condições, mas a ministra apela à conservação, alertando que a remoção da cobertura vegetal está causando danos ambientais significativos, como a redução da vazão dos rios, além de prejuízos econômicos.