As declarações do governador Gladson Cameli dadas ao ac24horas de que não aceitaria pressão do deputado Arlenilson Cunha (PL), integrante da sua base de apoio na casa, que discordou publicamente da nomeação do delegado Marcos Frank para o cargo de presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), repercutiram no grande expediente e na explicação pessoal durante a sessão desta quarta-feira, 5, na Assembleia Legislativa.
O deputado Emerson Jarude (Novo) iniciou os questionamentos em relação às declarações do governador se solidarizando com Arlenilson que não estava presente na sessão. “O deputado pediu somente o que está previsto na lei do Iapen, mas tem como resposta do governo do Acre como se tivesse uma pressão na tribuna, mas ele estava pedindo o cumprimento da lei. O parlamento não está sendo respeitado pelo governo do Estado, principalmente a sua base. A partir do momento que o governo desrespeita a lei, desrespeita essa casa. O governo passa com um rolo compressor em cima da lei”, disse o parlamentar.
Integrante da base, o deputado Afonso Fernandes, colega de partido de Arlenilson, defendeu o ato do governador e explicou as nuances das leis orgânicas, defendendo a regulamentação. Já o deputado Eduardo Ribeiro (PSD), vice-líder do governo, afirmou que entende que Alexandre foi demitido devido à intervenção do parlamento.
A deputada Michele Melo (PDT) relembrou a época em que foi líder do governo e afirmou que o governo não a respeitou assim como fez com Arlenilson. “É de conhecimento de muitos que o governo não tem respeito a Assembleia Legislativa. Fui desrespeitada como líder do governo e o deputado Arlenilson, claro, também não seria respeitado”, disse afirmando que ainda quer que o ex-diretor do Iapen, Alexandre Nascimento, seja convocado, mesmo não respondendo mais pela direção da Instituição.
Em aparte, o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) relembrou os motivos da troca de comando do Iapen. “Eu entendo que a saída do Alexandre teve peso do parlamento. Ele faltou a um convite feito pela Aleac para esclarecimentos e sequer avisou, mas o chefe da Casa Civil foi as redes sociais e comentou em uma matéria no ac24horas que o Estado não solicitou em nenhum momento que o diretor entregasse o cargo, muito menos em virtude do não comparecimento a um convite de uma comissão da Aleac. Olha só, a Casa Civil nem oficiou a Aleac informando isso. Mas o que chama atenção é a fala de Donadoni afirmando o tempo ainda há de revelar os verdadeiros ingredientes, até então ocultos do grande público, que contribuíram decisivamente para o pedido de exoneração do presidente do IAPEN. Nós também queremos saber disso. Ele pode ser convocado para explicar esse tempo para a gente”, argumentou Edvaldo.
Apesar do chefe da Casa Civil negar que tenha sido um dos condutores do processo de demissão de Alexandre, poucas horas depois o ac24horas confirmou, por meio do diário oficial, a demissão do então gestor do sistema prisional com a assinatura do decreto feita pelo governador Gladson Cameli. O ac24horas foi o primeiro a noticiar que o chefe do Iapen seria demitido.
A sugestão de convocação do chefe da Casa Civil foi defendida pelos deputados Jarude e Michele Melo. Ninguém da base do governo rebateu a possibilidade e a oposição afirmou que vai protocolar requerimento convocando o Chefe da Casa Civil.