Recentemente, a filha mais velha de Samara Felippo foi alvo de racismo na escola de alto padrão Vera Cruz, em São Paulo. Duas alunas do colégio rasgaram o caderno da adolescente e escreveram frases ofensivas. Desde que o caso veio à tona, a atriz ficou ausente das redes sociais e fez apenas breves reflexões sobre o caso, cobrando aplicação da lei. Somente neste domingo, 5, ela publicou o primeiro vídeo desabafando sobre a situação.
Samara começou falando sobre a repercussão do caso mesmo sem nunca ter publicado um vídeo sobre ou ter feito “sensacionalismo com isso”. “Eu apenas desabafei inconsolável, indignada, no grupo de pais da escola. Dali vazou e se espalhou. Bom, já não é mais sobre mim, né? A dor está aqui, a dor está na minha filha, mas se tornou um debate inflamado cheio de Juízes da internet, julgadores e detentores da razão”, declarou.
A atriz, então, refletiu: “O debate é público e urgente dentro desse caso que aconteceu com a minha filha, mas acontece todos os dias com milhares de crianças e adolescentes pretos. Existem muitas camadas e muitas perguntas. Como disse para mim Jaque Conceição: ‘racismo é sobre poder, poder político, poder psíquico, poder sexual, poder militar, poder jurídico, poder estatal, poder afirmar a supremacia branca’. Por que será que esse caso tomou tamanha proporção? Será que se fosse uma mãe preta, anônima, ela estaria sendo ouvida? Será que estaríamos levantando esse debate tão efetivamente na internet ou seria mais uma mãe preta sendo invisibilizada e revivendo as dores que ela já sofreu através de seus filhos e nada sendo feito?”.
“O problema do racismo é nosso, nós, de gente branca. A gente que precisa levantar a voz e trazer soluções para essa merda que o nosso passado causou em primeiro lugar. A gente precisa reconhecer, saber que todo corpo branco é potencialmente racista, reconhecendo o privilégio. Privilégio é eu estar aqui sendo ouvida, enquanto milhares de mães pretas sofrem todos os dias com seus filhos e são caladas. É um privilégio eu entrar numa loja e não ser perseguida; ou não ter a minha bolsa revistada é um privilégio; eu ter mais oportunidades, portas abertas de trabalho, de estudo, é um privilégio”, completou.
Ele defende que as responsáveis sejam expulsas do colégio. O fato, entretanto, divide opiniões. “Nos últimos dias esse acontecimento com a minha filha se tornou uma grande questão na internet: expulsar ou não expulsar? E não é sobre isso. Expulsar, não ensinar, não adianta nada, mas parece que a palavra ‘expulsão’ para classe média branca parece muito violenta muito agressiva. Mudemos para ‘transferência’. Por que tanta dúvida em transferir um aluno racista? Eu sigo querendo entender se o que eu sinto é exagero, é extremismo, é violência. Violência foi o que fizeram com a minha filha. Não dá para chamar o que a gente sente de exagero”, finalizou Samara.