A maneira como você dirige tem influência direta no consumo do veículo. Contudo, algumas práticas consideradas aliadas para reduzir o gasto com abastecimento têm, na verdade, o efeito contrário – e podem reduzir a vida útil de componentes do carro, causando ainda mais prejuízo.
Veja, a seguir, cinco erros comuns cometidos por motoristas em busca de economia.
1 – Calibrar pneus quentes
Calibrar os pneus semanalmente é uma iniciativa importante para economizar combustível. A calibragem, no entanto, deve ser feita do jeito certo. Se você está habituado a fazê-la com os pneus já quentes, isso na verdade só aumenta o consumo.
Isso acontece por uma razão: como o ar aquecido se expande, a pressão aplicada fica abaixo daquela indicada no manual do proprietário. Isso eleva a área de contato do pneu com o piso, demandando mais energia para percorrer determinada distância.
Sem contar que pneu com pressão baixa sofre desgaste prematuro e pode até ser danificado.
A recomendação das montadoras é fazer o ajuste com o veículo parado há pelo menos uma hora ou que tenha rodado não mais do que 3 km em velocidade reduzida.
Segundo a fabricante de pneus Continental, a cada 3 psi abaixo da especificação indicada, o consumo aumenta em 2%. Ainda de acordo com a empresa, ao rodar 30 mil km em um ano com a pressão abaixo da recomendada, perdem-se cerca de 55 litros de combustível.
2 – Dirigir na ‘banguela’
Um hábito que muitos acreditam ser benéfico para reduzir o consumo é andar na “banguela”. A prática, na verdade, não faz o carro beber menos e ainda compromete a segurança, bem como é capaz de causar danos ao conjunto da transmissão.
Colocar o câmbio em neutro, na verdade, faz o carro gastar mais combustível do que se estivesse engrenado. O sistema de injeção é calibrado na fábrica para entrar em modo de baixo consumo assim que você tira o pé do acelerador, com o veículo engrenado. Isso faz com que o motor receba apenas a quantidade necessária de combustível para mantê-lo girando.
Especialmente em uma descida de serra, colocar o câmbio em neutro ou ponto-morto traz risco de acidentes. Com as rodas de tração livres, você acaba sobrecarregando os freios, que podem superaquecer, perdendo a eficiência.
3 – Abastecer com combustível mais barato sem critério
Com o objetivo de poupar dinheiro, é comum abastecer em postos que oferecem os melhores preços.
Preço baixo não é sinônimo de adulteração, mas vale a pena desconfiar quando os valores praticados estão muito abaixo da média do mercado.
A orientação é dar preferência a postos conhecidos e sempre pedir a nota fiscal para comprovar a compra.
Afinal de contas, gasolina “batizada” com solvente e etanol adulterado com adição de água são capazes de afetar seriamente a saúde do motor e dos seus agregados.
O solvente danifica componentes como dutos, vedações e peças emborrachadas, além causar a formação de depósitos no interior do propulsor. Etanol com mais água do que determina a especificação acelera a corrosão de itens e traz funcionamento irregular.
As consequências imediatas do abastecimento com combustível adulterado são perda de performance e alta no consumo.
4 – Rodar sempre com o motor frio
Rodar pouco a cada dia não garante gastar menos combustível – pelo contrário, ainda faz o carro “beber” mais.
O motor precisa atingir determinada temperatura para o calor expandir os componentes internos e, assim, proporcionar condições ideais de funcionamento e lubrificação.
Usar o carro continuamente em deslocamentos muito curtos, insuficientes para se atingir a temperatura correta, acelera o desgaste e eleva o consumo de combustível.
Dirigir durante menos de 15 minutos nem esquenta o óleo do motor, impossibilitando a lubrificação adequada. Tem carro com baixa quilometragem que apresenta mais desgaste na comparação com um exemplar mais rodado, que no entanto funciona a maior parte do tempo na temperatura ideal.
Veículos abastecidos com etanol tendem a apresentar mais problemas na “fase fria”, especialmente em localidades com temperaturas mais baixas.
Em dias frios, a partida de motor abastecido com etanol tende a ser mais difícil em carros antigos, sem sistema de pré-aquecimento. Injeta-se mais combustível no arranque e a parte não queimada do etanol gera água como resíduo. Se o motor não esquentar adequadamente, a água não evapora e acaba contaminando o óleo, comprometendo sua performance.
5 – Deixar de usar o ar-condicionado na estrada
Segundo o Cesvi Brasil, o ar-condicionado pode aumentar em 20% ou até mais o consumo, pois o compressor do equipamento é acionado por correia ligada ao motor.
A orientação é nunca dirigir com o ar ligado e os vidros abertos. Além disso, se não estiver muito quente, não coloque o resfriamento no máximo.
Porém, desligar o ar em rodovias e abrir os vidros em dias quentes não é uma boa ideia se você quiser poupar combustível.
A turbulência de ar que entra na cabine acaba exigindo mais esforço do motor para manter o veículo em movimento, elevando o consumo até mais do que se você mantivesse a climatização ligada com os vidros fechados.