O diretor Marcelo Drummond, viúvo do dramaturgo Zé Celso (1937-2023), afirma que Silvio Santos, 93, continua sendo o “guia” das ações do Grupo SS na disputa pelo terreno localizado em volta do Teatro Oficina, no Bixiga, região central de São Paulo.
Artista classifica como “truculenta” a decisão do grupo empresarial de mandar fechar os Arcos do Beco e arrancar uma escada metálica que ligava o Oficina à área externa. “Aquela demonstração de poder, de força. A força da grana. ‘Eu tenho a grana, contrato uma empresa, mando tirar, mando emparedar.’ E não espera a resolução, o julgamento do juiz”, afirmou o diretor, em entrevista a Splash.
Drummond acredita que a ação foi uma demonstração de desespero, já que o Parque do Rio Bixiga estaria prestes a sair do papel. Um acordo entre o MP-SP e a Prefeitura de SP prevê verba para desapropriação ou compra do terreno. “O parque está na iminência de acontecer, mas tem essas atitudes de desespero pela propriedade.”.
O viúvo de Zé Celso também faz críticas ao comportamento do dono do SBT ao longo dos anos de disputa pela área. “O Silvio Santos todo mundo viu naquele vídeo que espalhou [nas redes sociais]. O da reunião com o Doria. Você vê arrogância naquele vídeo. Você o vê irritado. Com esse poder todo, no final das contas, há 40 anos ele não consegue fazer o que ele quer. E não vai conseguir. Era melhor ele relaxar.”
O então prefeito de São Paulo, João Doria, intermediou uma reunião entre Silvio e Zé em agosto de 2017, na sede do SBT, para tentar um acordo, mas sem sucesso. À época, o Teatro Oficina divulgou o vídeo com imagens da reunião nas redes sociais, o que teria deixado o comunicador incomodado. A insatisfação levou Silvio a tratar o assunto apenas na Justiça.
O que aconteceu
Grupo Silvio Santos mandou fechar dois arcos que compõem a parte cênica do Teatro Oficina. Também foi retirada uma escada metálica que ligava o espaço artístico à área externa, que é de propriedade do dono do SBT.
Companhia disse que foi surpreendida “por uma ação truculenta”, enquanto está em curso uma ação de reintegração de posse da escada metálica — que corre em paralelo à disputa pelo terreno. O grupo Silvio Santos teve parecer favorável do MP para a retirada do item, mas teria se antecipado à ação judicial, “cometendo a retirada antecipada da escada.”.
Marília Piraju, 39, arquiteta cênica do Teatro Oficina, destacou que os Arcos são tombados e estão diretamente relacionados com a linguagem de criação da companhia. “Para nós não é só um tombamento de pedra e cal. Tem um valor imaterial muito forte”, disse a arquiteta, em conversa com Splash.
Grupo Silvio Santos afirma que buscou reparar o estado original do imóvel. “Comprovado nosso direito, obtivemos decisão favorável nesse sentido, e cumprimos com a decisão Judicial. O correto teria sido a outra parte ter executado o reparo, mas, pela incapacidade financeira alegada, o Juízo entendeu que se o GSS poderia fazê-lo.”
Vale lembrar que Zé Celso e Silvio Santos travaram uma briga pelo terreno por 43 anos. O apresentador é o dono da área e, desde o início da década de 1980, pretendia construir um prédio para o Grupo Silvio Santos no local. Zé Celso morreu sem ver uma resolução para o caso.
Fonte: UOL – SPLASH