O Bar do Vaz desta terça-feira, 3, recebeu Dra. Dilza Ribeiro, que se tornou destaque nacionalmente ao assumir a secretaria-geral do Conselho Federal de Medicina (CFM). Para ela, a cadeira representada por uma profissional de saúde do estado é de suma importância para a categoria. Dra. Dilza foi a primeira representante dos médicos do estado do Acre a assumir um lugar na diretoria do CFM. Ribeiro tratou de diversos assuntos, como os avanços na medicina, a segurança da telemedicina, além de defender a qualidade dos médicos formados no exterior.
Antes de abordar os principais temas, Ribeiro explicou que o CFM “foi criado para fiscalizar o exercício da função médica, das unidades de saúde, fazer as rotinas que os médicos podem ou não fazer, além de julgar os processos éticos” “Então quem tem condições de julgar os processos, são os próprios médicos que compõem o conselho”.
Mesmo admitindo que demorou a aceitar a modernidade na medicina, Dilza disse que a modernidade veio para ficar na área. “A gente tem que seguir, gostando não gostando, a misericórdia, tecnologia e inteligência artificial chegou, então, conseguimos fazer um trabalho que era modernizar o nosso sistema e temos projetos voltados para isso”.
Ao ser indagada acerca do “CRM digital”, a secretária contou que a medida é um avanço e garantiu que a tendência é haver laudos e atestados médicos de maneira digital. “Temos um grupo de TI fantásticos, maravilhosos, todos os funcionários, sem a equipe não somos nada. Todos os médicos têm acesso à assinatura digital sem pagar nada. Estamos na fase final desse projeto e de uma intimidade de projetos, então vamos ter uma resposta favorável de os atestados e laudos médicos serem na plataforma digital”, comentou, falando dos inúmeros casos de falsificação de receitas e atestados no Acre.
“O atestado médico digital a gente tem muitos casos mesmo, aqui no Acre teve muitos, porque um carimbo qualquer um vai e faz, e aí [atestado digital] não, não tem como questionar, o médico pode colocar e tem credibilidade”, contou.
O empresário e jornalista Roberto Vaz buscou informações sobre a segurança na telemedicina e, sem papas na língua, Ribeiro demonstrou que o método é seguro. “A telemedicina foi feita uma revolução pensando justamente nessas áreas mais remotas que não tem acesso e grande dificuldade, na parte da radiologia onde se tem uma resposta imediata. Ela tem segurança, pois é aquele médico que está registrado. A telemedicina é tanto para rede pública e privada. Não tem como a gente tem que seguir ou vamos ficar fora do sistema, os Estados Unidos é direto [modernidade]”.
A doutora também destacou que não é recomendado o excesso de plantão por profissionais médicos nas unidades de saúde, mas, disse que o assunto é opcional por cada médico. “Na verdade o ser humano tem seus limites, como o descaso, mas é opção da pessoa, do médico. Tem uns que toleram as 72 horas numa boa, outros não, porém, não é recomendado”, ressaltou.
Ao falar que no Acre existe um número suficiente de médicos, Ribeiro defendeu a qualidade dos profissionais formados na Bolívia, porém, enalteceu a necessidade da prova do Revalida. “Temos médicos suficientes, eu acredito bons médicos, jovens e muito boa. Quando comecei no Acre, somente eu tinha uma especialidade. Tanto UFAC e Uninorte tem bons cursos. Acho que com o tempo, quem se forma no Brasil terá que fazer uma prova também Isso é um preconceito [médicos formados no exterior], eles se formam iguais como todo mundo, a única coisa que defendemos é fazer a revalidação. Nós temos uma quantidade grande de falsos médicos, então temos que ter uma noção se ele está habilitado para fazer atendimento”, argumentou.
Ao fim da entrevista, Dilza recomendou cuidados para lidar com o calor no Acre. “Cuidados com hidratação, muita água, local ventilado. Eu acho que é muito banho para todos, principalmente as crianças. A tendência é piorar, anos após anos estamos tendo aumento na temperatura”, concluiu.