Reconhecido como um dos “cabeças brancas do MDB”, o ex-deputado João Correia foi o entrevistado do jornalista Roberto Vaz, no Bar do Vaz, transmitido pelo ac24horas ao vivo na tarde desta quarta-feira, 6. Dirigente do glorioso, Correia abriu o jogo sobre a nova postura do partido, que agora conta com a força do ex-petista Marcus Alexandre em seus quadros para tentar alavancar o azul do 15 nas eleições de 2024.
Correia, que era um dos principais detratores do PT na época em que travou debates políticos memoráveis, afirmou que ser surpreende com ele mesmo ao apoiar Marcus no partido e também ter votado em Lula no segundo turno em nome da democracia.
“A gente vai envelhecendo e vai percebendo que o adversário não é o teu inimigo. A pluralidade é algo fundamental. Tive medo do golpe. O discurso do nos contra eles adotado pelo PT lá atrás era pesado, mas o Bolsonaro transformou à direita na extrema-direita. Há um desbosoronização do Brasil”, disse João, revelando que trabalhou para Simonetti Tebet no primeiro turno naturalmente, mas que no decorrer da eleição colocou um cartaz na frente de sua casa com a mensagem: “13 pela democracia”. “Ali não era uma questão partidária. A democracia tem muitos defeitos, mas te dá direito de discordar, divergir”, explica.
O economista revelou ainda na conversa com Vaz que a filiação de Marcus no MDB nasceu numa mesa de bar. “Estava com amigos no Dibuteco e lá alguém falou sabia que o Marcus se desfiliou do PT para trabalhar no TRE? Eu já pensei, vamos conversar, conversamos com ele, conversamos com as federações. Conversamos muito com o Petecao e conversamos com quem queira conversar conosco. Tivemos conversas com Marcio Bittar e Alan Rick”, detalhou.
Correia afirmou que 2026 marca o fim de um ciclo no Acre com o final do governo de Gladson Cameli que deverá ser candidato ao senado. “2026 é um fim do ciclo. O Gladson é um fenômeno eleitoral, a população gosta dele de graça. Mas não transfere voto. Isso é dele. Ele é sincero em tudo que faz. Ele estabelece com a população uma relação extraordinária. Ele se elegeu com um leque de forças e depois enfrentando “The crème de la crème” , derrotou a todos”, lembrou.
João disse que que Marcus é “meticuloso e cauteloso”. “Primeiro ele conversou com o Flaviano. Ele conversou com todos os cabeças brancas. Ele queria tomar uma decisão para uma vida toda. Nós não vamos vetar ninguém para busca de alianças. Quando o Marcus veio para o MDB a impressão que tem é que já era do partido. Ele ta respirando o partido. O Daniel Zen do PT tem sido uma figura impar no trato da coisa”, disse o emedebista, citando o dirigente petista como uma das pessoas que estão ajudando a formar uma grande aliança.
Ele ainda opinou que Marcus acabou sendo sacrificado na última eleições por ter sido vice de Jorge Viana, mas destacou que agora o novo emedebista tem uma noção absurda do Acre. “Ele tem um noção do Acre absurda. Ele conhece o Estado como poucas pessoas conhece. Talvez ele queria ser prefeito de Rio Branco para depois ser governador’, cogitou Correia, que revelou ainda que Marcus foi quem quis pedir a benção a Nabor Junior, de 93 anos, para ingressar no partido.
“Eu acho que o Acre precisa de um choque de gestão. É doloroso você verificar que recursos voltam para Brasília por falta de projetos. Um estado tão carente devolver dinheiro por falta de eficiência e planejamento, eu acho que o Marcus transforma a Amac num instituto da criação de projetos”, disse.
Sobre a eleição de 2022, onde o MDB apostou em Mara Rocha para o governo, Correia afirmou que o partido apostou errado. “O julgamento que nós tínhamos é que nos não íamos dar murro em ponta de faca. Nos sabíamos que ia ter uma segundo turno. Nos caímos do cavaloo. Interpretamos errado. Caímos do cavalo”, disse o dirigente afirmando que o partido foi prejudicado com as percas de Roberto Duarte, Mazinho Serafim e Zezinho Barbary. “Poderíamos ter feitos três deputados federais tranquilamente”.
“Algumas pessoas acham que as eleições municipais que ela deveria ser junta com as eleições de presidente e governadores. Eu acho que não. Essas eleições de 2 em 2 anos são ótimas porque forças que triunfaram podem perder o poder e forças que perderam podem triunfar”, salientou.
Correia lembrou ainda o tempo que era desafeto do PT. “Eu talvez fui o maior desafeto do PT. Fiz muito contra eles e eles fizeram muito contra mim. Nossas forças perderam e nos temos o direito de tentar sobreviver. A nossa aliança cabe todo mundo. Nós vamos procurar todos, desde que não defendam ruptura, e golpe”, pontuou o economista, revelando ainda que não foi surpresa o senador Sérgio Petecão ter ido prestigiar Marcus Alexandre no evento do MDB. “Nós já havíamos construído isso. Foi um gesto muito positivo do Petecão. O Petecão chegou a dizer pra gente que se o Marcus viesse para o MDB, ele estaria dentro do projeto. Estamos contando com isso”, disse.
Destacando que Marcus Alexandre fala com conteúdo, Correia pontuou que o ex-prefeito deve ter sofrido muito para tomar a decisão de sair do PT, mas a família foi fundamental no processo. “Eu acho que ele sofreu muita para tomar essa decisão, mas quando ele levou a mãe e o irmão, acabou. O MDB vai ficar sob o comando do Marcus Alexandre. Ele é a maior liderança do partido”, destacou. Correia ainda destacou que a decisão sobre o vice de Marcus deve ser vir a tona somente no início de 2024.
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